A festa ao sagrado Coração de Jesus em junho
A festa litúrgica do Coração de Jesus foi instituída pelo papa Clemente XIII, em 1856, para ser celebrada na primeira sexta-feira depois da solenidade de Corpus Christi. Os membros do Apostolado da Oração têm especial apreço por esta comemoração. É dia de júbilo nas paróquias, com missas solenes, comunhão geral e recepção de novos membros.
Taddei iniciou a celebração solene do Coração de Jesus em Itu no ano de 1874, depois de estar instituído o Apostolado havia três anos. Vale lembrar que, inicialmente o Apostolado da Oração era somente uma liga de orações pelas missões. Em 1875 inaugurou um altar especialmente dedicado ao Coração de Cristo na igreja do Bom Jesus, que ficava no espaço da entrada do santuário, que só foi construído trinta anos depois; o altar passou a ser o centro da devoção ao Coração de Jesus em toda a diocese de São Paulo e, posteriormente em todo o país.
Alguns anos depois, o padre Taddei instituiu e incentivou a celebração do Mês do Sagrado Coração, ampliando mais a força da devoção ao “Coração que tanto amou os homens”. Considerava que dedicar junho todo a Jesus, seria importante forma de desenvolver orações próprias e meditações a esta santa devoção. Naquele tempo em que só havia missa na parte da manhã, a reunião vespertina em forma de “reza” se dava com cânticos, prática de leitura duma meditação, ladainha do Coração de Jesus e bênção do Santíssimo, como ele mesmo registrou no relatório do Apostolado da Oração, em 1910.
Para cada dia do mês havia uma meditação própria, extraída de um livro impresso na Itália, de autoria do Padre Francisco Vanutelli, também jesuíta. A primeira edição brasileira saiu em 1882, na diocese de Olinda, com tradução do então Padre Francisco do Rego Maia, posteriormente bispo do Pará. Eram meditações simples que permitiam fazer conexões doutrinais entre o Sagrado Coração de Jesus e o valor da missa e da Eucaristia, por exemplo. Mas também outras ligações da mesma devoção com o cotidiano: a bondade, as boas obras, a resignação diante da vontade de Deus, a pureza e a obediência.
Quando possível, as meditações deveriam ser acompanhadas da pregação do sacerdote. O Padre Taddei, missionário zeloso, passando pelas diversas dioceses ou através das circulares aos diretores diocesanos do Apostolado, incentivava que os vigários introduzissem o Mês do Coração de Jesus na vida da paróquia. Considerava que ela reuniria os membros do Apostolado da Oração e o povo de maneira geral para empregar o tempo na ampliação da espiritualidade.
Após a meditação e pregação ainda se cantava (ou rezava) a Ladainha do Sagrado Coração de Jesus. Naquele tempo se fazia em latim, porque a solenidade era grande. Às invocações, todo o povo respondia cantando o miserere nobis. Os que sabiam ler acompanhavam a tradução pelo livreto rogando mais fé, proteção, o perdão pelos pecados e a conversão à vida religiosa.
Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”