“Aprendei a fazer o bem, procurai a justiça!” (Is 1,17)

Essa é a referência bíblica, do livro de Isaías, que anima a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (SOUC) 2023, celebrada no hemisfério norte entre os dias 18 e 25 de janeiro. No Brasil, a SOUC será celebrada entre 22 e 28 de maio.

O tema deste ano foi escolhido pelo Conselho de Igrejas de Minnesota, nos Estados Unidos, que também preparou o subsídio colocado à disposição dos cristãos de diversas denominações. Traz, entre suas reflexões, experiências pessoais de vítimas de racismo e desrespeito, testemunhando “a desumanidade da qual os filhos de Deus podem se mostrar capazes para com o seu próximo”. Mas mostram também “um profundo desejo interior de que, como cristãos que encarnam o dom da unidade de Deus, abordemos e erradiquemos divisões que nos impedem de entender e experimentar a verdade de que todos nós pertencemos a Cristo”.

Como aconteceu nos anos anteriores, o Papa Francisco celebrará o encerramento SOUC, em Roma, no dia 25 de janeiro, solenidade da conversão de São Paulo Apóstolo, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros.

Nesta última semana, Francisco recebeu em audiência, no Vaticano, uma delegação ecumênica da Finlândia, composta por religiosos católicos, luteranos, ortodoxos e metodistas. Na ocasião, falou aos visitantes sobre a importância de trabalharmos pela unidade dos cristãos: “Em tudo reconhecemos como é grande a unidade que nos une e como é importante rezar juntos, trabalhar assiduamente e dialogar intensamente para superar as divisões e ser, segundo a vontade do Senhor, um na comunhão trinitária, para que o mundo creia”.

Mas o Santo Padre nos lembra que ter consciência não é suficiente. É preciso agir! “Hoje, sobretudo, é necessário um zelo ardente pela evangelização, porque anunciando juntos nos redescobrimos irmãos e irmãs; e compreendemos que não se pode difundir dignamente o nome de Jesus, que nasceu, morreu e ressuscitou por todos, sem testemunhar a beleza da unidade, sinal distintivo dos seus discípulos.”

Ao ouvir as palavras do Papa Francisco, penso na realidade dos cristãos em nosso país. Entre as diversas denominações e também internamente, entre os católicos. Vivemos num momento em que as diferenças parecem infinitamente maiores do que aquilo que nos une. Grandes abismos e muralhas se formaram entre diversos grupos que afirmam seguir o mesmo Cristo e professar a mesma fé.

Mais que conjecturar soluções, entendo que o momento é para fazer perguntas: o que fazer para reencontrar o que nos une, o que nos aproxima? Como redescobrir a beleza da unidade em Cristo, de podermos nos sentir e nos tratarmos como irmãos? Será possível juntos aprender o bem e procurar a justiça?

Quem sabe até maio, quando celebraremos por aqui a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, possamos nos abrir à ação do Espírito e nos permitir enxergar as formas que podemos estar impedindo essa unidade de acontecer.

Por enquanto, é bom seguirmos a orientação do Papa Francisco: “rezar juntos, uns com os outros e uns pelos outros”.