Homenagem à Congregação Mariana do Carmo em seu Centenário – I
Revmo. Sr. Pe. Antonio José Albertine, vice-assistente nacional das Congregações Marianas do Brasil, a quem temos a honra de receber hoje em nossa igreja. Somos imensamente gratos por ter aceitado o convite para presidir os festejos dos 90 anos da Congregação Mariana do Carmo! Na sua pessoa também saudamos Sua Eminência Dom Raimundo Damasceno de Assis, cardeal arcebispo de Aparecida e assistente nacional das Congregações Marianas do Brasil.
Revmo. Pe. Frei Felisberto Caldeira de Oliveira, O. Carm., assistente espiritual da Congregação Mariana do Carmo, dedicado incentivador do movimento mariano nesta igreja,
Ilmo. Sr. José Wagner Campopiano, presidente da Congregação Mariana do Carmo, na pessoa de quem saúdo também todos os membros da Diretoria e do Conselho da Congregação,
Senhoras, senhores,
Por especial convite da Diretoria da Congregação Mariana do Carmo, coube a mim a honrosa tarefa de falar nesta celebração que agradece a Deus pelos 90 anos de sua fundação, o Jubileu de Álamo da Congregação Mariana de “Nossa Senhora do Carmo e Santo Alberto”.
Ao longo dos vários aniversários que anualmente celebra a Congregação, muito já foi dito de sua história e de seus feitos, inclusive por este orador, de seus diversos departamentos e trabalho social, de suas iniciativas em prol da recreação dos congregados e da sociedade ituana, de sua origem singela, mas audaciosa nas mãos dos recém-chegados carmelitas holandeses a esta igreja e de jovens idealistas entre os quais se destacou Manuelzinho D’Elboux, menino morador de pouco mais de uma quadra desta igreja, na antiga rua da Palma e hoje rua dos Andradas, que mais tarde se tornaria Dom Manuel da Silveira D’Elboux, grande arcebispo metropolitano de Curitiba e orgulho de nossa terra.
Mas hoje abriremos uma exceção a essa rotina de vanglória dos feitos históricos, religiosos e sociais da Congregação Mariana do Carmo para refletir sobre que papel essa quase centenária associação religiosa tem ainda neste templo, na cidade de Itu e na sociedade. Que missão terá ainda uma agremiação que neste ano celebra 90 anos nesta igreja e no próximo ano festejará 450 anos de existência no mundo? Que papel pode desempenhar neste ainda limiar do século XXI, tão desafiador, obscuro e eivado de ideias contrárias à fé e à religião?
Caros irmãos de fita azul, é a vós que a partir de agora, mais especificamente, passo a dirigir estas palavras.
O mundo onde hoje vivemos é um mundo onde parece não haver mais lugar para Deus.
Não há lugar para Deus numa sociedade que já beira as raias do paganismo. Sob o argumento de laicidade dos Estados, são abolidos os símbolos religiosos dos estabelecimentos públicos, aprovadas leis contrárias à proteção da vida em todas as suas dimensões e outras medidas que atentam contra a fé plantada por uma civilização eminentemente cristã. Os valores cristãos não são mais balizadores das iniciativas e do comportamento social, sendo, por muitas vezes vilipendiados. O Brasil, cuja origem se deu com o fincar de uma cruz em seu chão e o oferecimento do Augusto Sacrifício, se vê submergido no mar da dependência química, da criminalidade e violência, como temos acompanhado pelo noticiário das últimas semanas, e corrupção em seus vários escalões governamentais, comprometendo-lhe a prerrogativa de nação católica.
Não há lugar para Deus no mundo do trabalho, dos negócios. No lugar dele, a reinar tiranamente, encontra-se a busca pelo lucro a qualquer preço, a ganância desenfreada, a disputa pelo poder e pela vantagem. Nas empresas e nos negócios Deus e a religião constituem assunto proibido, enquanto são atropelados domingos, dias santos, princípios, valores.
Não diferente é a situação das famílias em cujo seio o Cristo Rei que hoje celebramos liturgicamente não é mais o único a reinar. A antiga e salutar prática de entronizar no local de honra dos lares a imagem do Sagrado Coração de Jesus por vezes foi substituída, mesmo entre os que se dizem católicos, pela condescendência ao amor livre, pelo divórcio e pela liberdade sexual, pelo fechamento aos filhos muitas vezes motivado pela priorização de uma carreira profissional, pelo quase que generalizado uso das práticas anticoncepcionais, senão até pelo aborto. O recente censo realizado no Brasil identificou o que chamou de “nova família brasileira”, onde há lugar para tudo, desde a confusão de pais e filhos, fruto dos sucessivos relacionamentos frustrados, até à adoção de filhos por uniões de mesmo sexo.
(continua)
(Primeira parte do discurso proferido na igreja do Carmo de Itu em 24 de novembro de 2012, festa de Cristo Rei, nas comemorações dos 90 anos da Congregação Mariana)