A alegria de cantar o Natal
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Cantar para louvar é umas as atitudes mais antigas da Humanidade. Desde as primeiras comunidades humanas se entoa melodias para agradecer à Terra pela colheita. Já no início do Cristianismo, as comunidades criaram hinos em louvor a Deus pelo Filho que se fez homem. A história da natividade é cantada na liturgia católica de muitas formas.
Desde o Advento até a noite de Natal, há diversos hinos específicos, na forma oficial da Igreja – o Canto Gregoriano – a fim de bendizer o Menino Deus.
Durante a Idade Média essa alegria do Natal se estendeu à celebração fora da Igreja, por exemplo, cantando em casa abria-se espaço para a prática da Igreja doméstica. Reunida a família em torno da mesa da ceia natalina, muitas canções surgiram e se difundiram pela Europa.
A cultura popular criou textos e melodias coletivos, dos quais não se conhece o compositor ou a época exata em que surgiram. Essas músicas não eram escritas, somente transmitidas oralmente de geração a geração.
A liturgia antiga (rito extraordinário da missa) previa que os sacerdotes celebrassem três missas no Natal, da meia-noite à aurora. Muita gente passava a madrugada na Igreja ou na porta dela, cantando, acompanhada de instrumentos de sopro e percussão. Desta forma surgiram alguns cancioneiros. Uma das músicas do repertório natalino do Coral Vozes de Itu é o Riu Riu Chiu, um vilancico espanhol do século XVI, agregado ao Cancioneiro de Upsala e publicado posteriormente em Veneza (assista no vídeo abaixo). O texto começa de forma onomatopaica com as palavras Riu riu chiu, da língua catalã antiga, fazendo metáfora dos sons de pássaros. O sentido é o de proteger o Menino Jesus de todo o mal e saudar Maria Virgem. Esse tipo de música, nascida na porta das igrejas, há mais de quinhentos anos, para se cantar e dançar, transformou-se em uma forma não oficial de se fazer a música no Natal.

Posteriormente, algumas dessas velhas melodias medievais foram reinventadas, algumas incorporadas ao repertório das igrejas reformadas na Alemanha luterana, na Suíça calvinista e na Inglaterra da Igreja Anglicana.
O repertório apresentado pelo Coral Vozes de Itu e comentado música a música nesta edição surgiu justamente dos velhos hinários europeus, traduzidos no Brasil. A congregação toda cantava a quatro vozes o louvor do Natal. Assim as canções entraram em nossas casas e hoje também as encontramos fartamente na internet.
As gravações do Coral Vozes de Itu, disponíveis para ouvirmos nesta edição especial do jornal A Federação, foram gravadas especialmente para este fim, no dia 05 de dezembro de 2021 no Santuário Nacional do Apostolado da Oração. Traduzem o melhor da música natalina que guardamos em nossa memória, que revela o sentimento comum de pertencimento ao Cristianismo e da alegria de louvar e bendizer o Natal de Jesus. A gravação só foi possível pelo empenho do jornalista Tadeu Italiani e do prof. Celso Tomba com apoio cultural do Museu da Música – Itu e da empresa Padovani Materiais de Construção.