Pe. Henri Rubillon
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Entre dezembro de 1997 e dezembro de 1998, a urna com os restos mortais de santa Terezinha do Menino Jesus percorreu diversas dioceses do Brasil. A iniciativa partiu do cardeal mineiro Dom Lucas Moreira Neves, então Arcebispo Primaz da Bahia. A autorização para que as preciosas relíquias pudessem estar tanto tempo em nossa terra se deveu à retribuição que a Santa Sé quis oferecer à generosa contribuição do povo brasileiro quando da confecção dessa rica urna, em 1921. Feita de mármore, prata, ouro e pedras preciosas do Brasil, a peça extraordinária que guarda as relíquias de santa Terezinha teve o seu recurso, de mais de cem mil francos, recolhido pelo padre Henri Rubillon. Ele não foi somente o responsável por levantar os valores para a construção dessa joia. Também foi o representante brasileiro na França quando da beatificação da jovem religiosa carmelita, uma das padroeiras das missões católicas e de enorme devoção entre os brasileiros. Ao chegar ao Brasil, em 1898, Rubillon veio morar em Itu; foi a primeira pessoa a divulgar a devoção a santa Terezinha em nosso país, muito antes que ela fosse beatificada; eles eram coetâneos e conterrâneos.
Henri Rubillon nasceu em Manvieu, diocese de Bayeux e Lisieux a 15 de fevereiro de 1866. Aos 22 anos ingressou no noviciado da Companhia de Jesus na Inglaterra. Após os primeiros estudos viveu no colégio São Luís de Itu e no Anchieta de Nova Friburgo, como professor de Geografia, Corografia e História. Destacou-se, dentre seus pares, pela jovialidade, afeição esportiva de seu temperamento, que geraram, em seus alunos, grande confiança e respeito. Era muito frequente nas tertúlias literárias e nas competições esportivas, participando ativamente dos jogos com os estudantes. Rubillon retornou à Europa para estudar Teologia e foi ordenado padre em 1901 pelo Cardeal Respighi, Vigário da diocese de Roma. Ao voltar ao Brasil, ainda entre Itu e Friburgo, lecionou línguas e assumiu responsabilidades administrativas nos colégios onde trabalhou.
Dotado de bela voz e grande conhecimento do Canto Gregoriano, em Itu o padre Rubillon fez história ao entoar o Canto da Paixão e do Exultet durante as solenidades da Semana Santa no Colégio São Luís.
Depois de treze anos atuando dentre os alunos de Itu, foi transferido para Nova Friburgo. No Colégio Anchieta trabalhou até que sofreu uma embolia cerebral que o consumiu por alguns meses até seu falecimento, no Rio de Janeiro, em 6 de março de 1931.
A urna com os restos de santa Terezinha do Menino Jesus, que Rubillon carregou pelas ruas de Lisieux, com outros prelados, durante as solenidades da beatificação da co-padroeira da França, em 1923, é a principal testemunha da espiritualidade desse jesuíta que viveu entre nós. Em Itu ele não foi somente um professor extraordinário. Também foi conhecido guia de almas do povo ituano, notável conselheiro de quem buscava conforto em suas palavras, sempre procurado à porta do colégio.