O Chamado
Compartilhe

por Pe. Sala
Missionário da Diocese de
Jundiaí em Roraima

Estamos na era dos extremos, um tempo em que o ser humano exacerba em tudo por falta de racionalidade e de espiritualidade também. Nunca antes a humanidade relacionou-se tanto, através de interações virtuais e sociais. Mesmo assim, nota-se uma carência afetiva gigante em grande número de pessoas. Até mesmo pessoas que vivem algum tipo de relacionamento, muitas vezes afirmam sentirem-se solitárias.
A causa dos sintomas expostos acima é que muita gente se relaciona entre si, mas não com Deus. Hoje alguém pode interagir com centenas e até milhares de pessoas. De que adianta, se não nos relacionarmos com o Criador? Ele nos amou primeiro, por isso nos criou. Ao mesmo tempo, o Pai nos chama para que o amemos também. Esse vazio carente que muitos sentem, é a falta de um relacionar-se efetivo e afetivo com Deus.
O barulho e as distrações do mundo continuam atrapalhando essa mensagem de chegar aos olhos e ouvidos da maioria. Quem é que vai pensar em Deus se a maior parte do tempo se ocupa somente de zapes, tiquetóques, jogos de estourar bolinhas, etc.? Alguns pensaram que, em tempos de quarentena forçada e isolamento social, haveria um aumento de corações voltando-se mais na direção do sagrado. Ledo engano. O que era ruim, piorou: muitos usaram a situação para isolar-se ainda mais de Deus.
Esse chamado que Deus nos faz, o faz a todos os seres humanos. Mais que um convite, chega a ser um apelo. Somente os que não entendem realmente o Amor podem desprezar tanto a companhia de Deus. Triste e cada vez mais atual, o lamento de São Francisco de Assis: “O Amor não é amado”. É necessário que todos entendam, de uma vez por todas: é impossível amar a si mesmo e às outras pessoas (o tal do “próximo”) sem antes amar a Deus.
Eis outra coisa que muitos não compreendem, a conseqüência direta de uma existência afastada de tão amoroso Pai: sem amar a Deus acima de tudo, jamais haverá verdadeira paz, bênção, alegria e salvação na vida de qualquer pessoa. É como querer ovos, sem galinha. É como querer leite, sem vaca. É como querer voar sem asas.
Sem colocar Deus na própria vida, inúmeras pessoas experimentam diariamente o amargor da paranóia, da desgraça, da tristeza e da perdição. Então, recorrem a inúmeros paliativos: vícios, drogas legalizadas ou não, remédios de controle mental e anulação da personalidade, relacionamentos tóxicos e infelizes, crimes e vilezas, etc.
Se você foi criado por Deus (e o foi), não há outra alternativa para uma vida realmente feliz desde este mundo: é preciso atender ao chamado que o Pai nos faz diariamente para amá-Lo, correspondendo assim ao seu Amor Infinito. Muitos dramas humanos seriam mais facilmente solucionados se, em vez de “jeitinhos” e melindres, as pessoas simplesmente buscassem amar a Deus e se deixar amar por Ele. Saibamos participar dessa misteriosa e bela dinâmica de Fé.

Amém!