Pe. Francesco Edoardo Battaglia
A música era um dos elementos importantes da educação no século XIX que, infelizmente perdeu espaço ao longo do tempo. Hoje pouca gente estuda a linguagem musical, limitando-se a “consumir” gravações de terceiros que interpretam um repertório ao gosto próprio. A capacidade de ler uma partitura recriando a informação era coisa comum a quem tinha acesso à educação outrora. No ambiente pedagógico os alunos eram estimulados a tocar um instrumento ou, ao menos, cantar em coro, fosse o repertório sacro ou da música lírica tão valorizada àquele tempo. O jovem estudante, quando adulto, continuaria protagonista no fazer musical, em casa, no clube, na igreja ou no teatro.
Os alunos da Companhia de Jesus tinham grande oportunidade de estudar música, não só a linguagem musical, mas também a prática de conjunto, conhecer o repertório e seu significado cultural com mestres europeus e brasileiros bastante cultos e talentosos.
Quem já teve a experiência de subir ao coro alto da Igreja de São Luís Gonzaga, no Regimento Deodoro, outrora Colégio São Luís, percebeu que o extenso espaço daquele mezanino foi previsto para que um número considerável de alunos e professores pudesse participar da liturgia, pondo em prática a sua atividade musical. Era o tempo das obras sacras inspiradas no lirismo italiano, posteriormente proibidas por Pio X no motu próprio Tra le solecitudine, de 1903. A música era um dos elementos de grandeza e solenidade da liturgia durante a missa ou nas rezas. Os alunos tinham oportunidade de conhecer obras musicais de grandes compositores italianos, com introduções pela orquestra, solos e partes corais. Mas tudo isso carecia de um processo de produção e organização, escolha do repertório, ensino e aprendizado.
Na passagem para o século XX, um dos responsáveis pelo ensino da música e canto coral no São Luís era o padre Francesco Edoardo Battaglia, natural da Catania (Itália), nascido a 7 de fevereiro de 1864. Depois de ordenado sacerdote, já com trinta anos, entrou para a Companhia de Jesus – 16 de julho de 1894. Em 1899 o encontramos na vida colegial, em Itu, estudando a língua portuguesa. Inicialmente foi professor de geografia e matemática. Depois assumiu a atividade de ensaiar o repertório musical com os alunos, fosse para a liturgia ou para os eventos culturais como as academias literárias; na foto os alunos do São Luís estudando instrumentos. Contava com professores auxiliares, jesuítas ou leigos, como já anotamos em crônicas passadas. Destaque para os compositores de Itu, Elias Lobo, Tristão Mariano e José Mariano, além dos italianos contratados e que vieram ao Brasil atuar no ensino musical dos jovens internos em Itu.
Por dez anos Battaglia esteve no Colégio São Luís. Depois foi transferido para Campanha, São Paulo e Rio de Janeiro até voltar à Itália, onde se ocupou de missões populares na Toscana e em Bologna.
No exercício das missões, o padre Battaglia faleceu em Como, a 6 de abril de 1923.
Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica
“Padre Luiz D’Elboux”