Pe. Daniel Bevilacqua – Creio na Vida Eterna XVI
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por Pe. Daniel Bevilacqua Santos Romano.
Vigário na Paróquia Nossa Senhora do
Monte Serrat – Salto/SP

O Céu II

“Com efeito, nós somos pessoas enquanto imagem de Deus: que é, em Si mesmo, relação de amor – do Pai para com o Filho, do Filho para com o Pai, na unidade do Espirito Santo. Participar desta vida divina não anula a nossa individualidade, mas leva-a à sua plena realização. Por analogia, assim como no matrimônio a abertura e a doação do esposo à esposa e o acolhimento na livre resposta da esposa ao esposo, se converte em amor fecundo no filho. Esta relação de amor esponsal e de pais não afeta negativamente a personalidade, primeiro, dos cônjuges, e depois, dos filhos; pelo contrário, na entrega à sua mulher, o homem realiza as aspirações do seu coração, realiza-se como homem, passando-se o mesmo com a mulher, e, por conseguinte, na entrega dos pais aos filhos e na livre resposta dos filhos aos pais: trata-se de um crescimento pessoal e comunitário no interior da família, e isto também é valido no interior da Igreja: onde a abertura ao outro e a autodoação ao outro não nos despersonaliza, mas nos torna mais plenamente pessoas, mais plenamente nós mesmos.
A irmã Isabel da Trindade, nos seus escritos, manifesta muitas vezes que a abertura do seu coração a Deus, à Santíssima Trindade, que habita nela, dilata o seu pequeno coração.

Condição dos bem-aventurados no Céu Impassibilidade
Diz Renzo Lavatori: A impassibilidade consiste em duas características: por um lado, o domínio sereno e equilibrado da alma sobre o corpo e a sujeição pacífica do corpo à alma, de modo que já não haja ocasiões de dissociação, de dor e de sofrimento, mas apenas de alegria e de integridade vital; por outro lado, a plenitude da vida divina irrompe em todo o ser humano, alma e corpo, tornando-o imune a todos os ataques do mal e feliz no seu próprio estado.

Sutileza
A sutileza consiste na possibilidade dada ao corpo ressuscitado de penetrar os objetos materiais sem ter que destruí-los, como se verifica com o corpo glorioso de Cristo, que entra no Cenáculo estando as portas fechadas. Todavia, não se trata de uma volatilização do corpo, porque Cristo ressuscitado é palpável e visível: Tocai-Me e olhai que um fantasma não tem carne nem ossos, como vedes que Eu tenho (Lc 24,39).
Pode se dizer que a sutileza é uma propriedade corpórea, mas ao mesmo tempo não física, pois contradiz as leis da matéria.

Agilidade
A agilidade é uma qualidade consequente da plena submissão do corpo à alma, transbordante da santidade divina; ela implica a dinamicidade, a mobilidade, a celeridade e a ligeireza. Podemos supor que o corpo participa do dinamismo e da liberdade de movimentos característicos do espírito: Aqueles que confiam no Senhor renovam as suas forças. Têm asas como a águia, correm sem se cansar, caminham sem desfalecer (Is 40,31); ou então: No dia do seu juízo eles resplandecerão; como centelhas através da palha se propagarão (Sb 3,7).

Claridade
A claridade do corpo ressuscitado é sinal de beleza, de luminosidade e de transparência, já sem vestígios de fealdade, de deformidade ou de desfiguração. O homem se reveste de um estado de esplendor. Diz Tomás: ‘Esta claridade é provocada pelo reflexo da glória da alma sobre o corpo, e a glória da alma conhecer-se-á no corpo glorioso, tal como se conhece pela transparência, a cor de um corpo contido dentro de um vaso de vidro’.
Podemos encontrar um testemunho antecipatório dado pelo próprio Jesus na Transfiguração, quando se diz acerca d’Ele: O seu rosto brilhou como o sol e as suas vestes ficaram brancas como a luz (Mt 17,2). Com imagens semelhantes Jesus descreve os bem-aventurados no fim dos tempos: Então os justos resplandecerão como o sol no reino do seu Pai (Mt 13,43). Trata-se, mais uma vez, da participação dos eleitos no esplendor e na beleza de Cristo.”

Continua…

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