Celebrando as Missões (3)
Celebrando o Mês das Missões, a Igreja nos pede, neste ano, que façamos nossas reflexões sobre o tema “Jesus Cristo é missão”, tendo como inspiração bíblica “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20). Nesta semana, vamos refletir sobre o que temos ouvido na educação e no mundo do trabalho.
Voltemos nosso olhar para as alterações provocadas pela pandemia no ambiente educacional. Diante da suspensão das aulas presenciais, houve a criação do regime remoto, com transmissões via Internet ou TV, sendo a alternativa mais viável para que o ensino aconteça. Essa nova realidade possibilitou, às escolas e aos professores, a descoberta de novas metodologias para dar continuidade ao processo de aprendizagem dos estudantes. No entanto, em um país com tantas desigualdades regionais e sociais, o modelo de ensino em meios digitais não atingiu àqueles que vivem realidades vulneráveis. Dessa forma, a pandemia acabou evidenciando as desigualdades educacionais do país, aumentando a evasão escolar e o déficit de aprendizagem. Também revelou que a maior parte das famílias não tem condições de acompanhar seus filhos nas atividades escolares. Embora muitos se esforcem, os desafios para garantir a real aprendizagem de crianças e adolescentes são, por vezes, maiores que as possibilidades que se têm à disposição. Sabemos também que a educação, mais do que transmissão de conhecimento, é uma experiência de convivência. Professores e alunos precisam estar juntos, pois nada substitui a escola.
A pandemia também aumentou os graves problemas relacionados ao mundo do trabalho no Brasil, especialmente para a classe trabalhadora. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no início de 2021, o desemprego atingiu 14,3 milhões; os trabalhadores subocupados chegaram a 34,2 milhões; e os trabalhadores por conta própria totalizaram 23,5 milhões. Somam-se a esses problemas a disparidade de renda em desfavor da mulher trabalhadora; a discriminação racial; as condições inseguras de trabalho geradas pela crescente terceirização; e o agravamento da insegurança alimentar que, em 2020, já atingia 117 milhões de pessoas, com 19 milhões delas em situação de fome. Em 2021, esses números aumentaram. O impacto também foi grande para as empresas: muitas empresas fecharam durante a pandemia, sendo substituídas por muitos pequenos negócios que surgiram, com destaque para os microempreendedores individuais. Mas muitos desses negócios, e seus empregos, foram submetidos à lógica da precarização gerada pelas reformas trabalhistas, condicionando-os à baixa renda, sem garantir direitos fundamentais.
Acompanhe os testemunhos selecionados para a Campanha Missionária, especialmente do 4º e 7º dias, acessando o canal das Pontifícias Obras Missionárias no YouTube (PomBrasil).
Diante dessa realidade e desses testemunhos, somos chamados por Deus a sermos discípulos e missionários. Que compromissos podemos assumir com crianças e adolescentes que enfrentam a precariedade da educação? De que forma podemos contribuir para a amenizar as dores dos desempregados?
(texto adaptado da “Novena Missionária 2021”, das Pontifícias Obras Missionárias – POM)