Celso Tomba – Aqui e agora
por Celso Tomba
No mundo inteiro, a Igreja lembra e celebra no mês de outubro suas ações missionárias. O Dia Mundial das Missões, celebrado no penúltimo domingo do mês, foi criado pelo Papa Pio XI, em 1926, para ser um dia de reflexão, de oração e de arrecadação de recursos para apoiar as missões “ad gentes”. Aqui no Brasil, a data é celebrada de maneira mais intensa desde 1972, quando se criou o “Mês das Missões”.
Para compreendermos melhor: em latim, a palavra “ad” quer dizer ‘para’, e “gentes” se refere aos ‘gentios’, aos ‘pagãos’. Assim, a missão “ad gentes” é o esforço missionário da Igreja para aqueles que não são cristãos, os não batizados, onde o Evangelho ainda não chegou. Dessa forma, durante muito tempo a tarefa missionária da Igreja foi vista como sua presença em países sem tradição cristã, normalmente em lugares bastante remotos. Uma ação extremamente importante. Ir até os lugares onde o Evangelho ainda não está presente é cumprir o mandato de Cristo, pouco antes de sua ascensão aos céus: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” (Mc 16,15)
Mas será que somente nesses lugares distantes é possível realizar uma ação missionária? É somente nesses lugares em que o Evangelho não está presente? Ou, por outro caminho do pensamento, nos lugares em que o Evangelho de Jesus já é conhecido ele está realmente presente?
Na Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, realizado na cidade de Aparecida, em 2007, a Igreja chamou todos nós a sermos “discípulos missionários”. No documento final que resultou dessa Conferência – conhecido como “Documento de Aparecida” – os bispos nos lembram que, para sermos missionários é preciso sermos primeiramente discípulos. “O seguimento é fruto de uma fascinação que responde ao desejo de realização humana, ao desejo de vida plena. O discípulo é alguém apaixonado por Cristo, a quem reconhece como o mestre que o conduz e acompanha” (DAp 277).
No nosso caminho de formação como discípulos missionários, cinco aspectos são fundamentais:
– O encontro com Jesus Cristo: é necessário propiciar o encontro com Cristo que dá origem à iniciação cristã […] Só a partir do querigma acontece a possibilidade de uma iniciação cristã verdadeira.
– A conversão: é a resposta inicial de quem escutou o Senhor com admiração, crê n’Ele pela ação do Espírito, decide ser seu amigo e ir após Ele…
– O discipulado: para este passo, são de fundamental importância a catequese permanente e a vida sacramental, que fortalecem a conversão inicial e permitem que os discípulos missionários possam perseverar na vida cristã e na missão em meio ao mundo que os desafia.
– A comunhão: não pode existir vida cristã fora da comunidade: nas famílias, nas paróquias, nas comunidades de vida consagrada, nas comunidades de base, nas outras pequenas comunidades e movimentos.
– A missão: o discípulo, à medida que conhece e ama o seu Senhor, experimenta a necessidade de compartilhar com outros a sua alegria de ser enviado, de ir ao mundo para anunciar Jesus Cristo, morto e ressuscitado, e tornar realidade o amor e o serviço na pessoa dos mais necessitados, em uma palavra, a construir o Reino de Deus (cf. DAp 278).
O Papa Bento XVI, por ocasião da Conferência de Aparecida, já nos alertava sobre nosso compromisso como cristãos batizados: “A missão é uma tarefa da qual ninguém pode se escusar, pois nada é mais bonito do que conhecer Cristo e torná-Lo conhecido para os outros” (Papa Bento XVI, Ângelus em Aparecida, em 13 de maio de 2007).
Dessa forma, somos todos chamados e compromissados a sermos missionários em nossas realidades, com as pessoas com quem convivemos, nas situações que vivemos em nosso dia a dia, aqui e agora!