Refletindo – 15/10/2021
Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a
exegese do Pe. Fernando Armellini, scj
Leituras iniciais do 29º Domingo do Tempo Comum
1ª Leitura (Isaias 53,10-11)
O anseio de todos os homens é vencer, não perder; procuram ter domínio sobre os outros, não colocar-se a serviço dos demais.
Deus tem ideais diferentes, e para educar o seu povo para a aceitação deste ideal de doação da própria vida, apresentou desde o Antigo Testamento, como exemplo o “Servo Fiel”. Há alguns domingos passados (24º domingo dtc) nos deparamos com esta figura misteriosa que hoje nos é apresentada novamente para facilitar a nossa compreensão e aceitar a mensagem comprometedora do Evangelho.
Na primeira parte da leitura (vers.2-3) aparece o aspecto humilde desse “Servo”: brota como um pequeno arbusto no deserto, cresce numa terra sem água, não possui nenhuma das características que despertam a atenção dos homens: a beleza, o poder, a riqueza; pelo contrário, é uma pessoa fraca, desprezada, derrotada.
A segunda parte (vers.10-11) nos esclarece sobre a forma diferente como Deus avalia a vida deste “Servo”. Aquilo que aos olhos dos homens é um fracasso, para Deus é um triunfo. É através do sacrifício, do sofrimento, do dom de si mesmo que ele realiza a salvação.
Exatamente porque é vítima do ódio, da injustiça, da violência, o “Servo” liberta os seus próprios perseguidores de suas iniqüidades.
Ele é a imagem perfeita de Jesus, que trouxe a salvação para os homens não com o domínio sobre eles, mas humilhando-se, prostrando-se diante deles para servi-los, dando-lhes a própria vida.
2ª Leitura (Hebreus 4,14-16)
Nos primeiros capítulos, os Evangelhos narram que Jesus foi tentado pelo demônio; mas na sequência já não tratam mais desse assunto.
Somente Lucas nos permite vislumbrar que elas continuaram também depois: afirma que o demônio se afastou dele para voltar no tempo determinado (Lc 4,13).
A passagem da Carta aos Hebreus que hoje nos é proposta, apresenta claramente esse tema. Afirma que Cristo tem a capacidade de entender todas as nossas fraquezas porque ele foi tentado em tudo como nós; a única diferença é que, enquanto nós frequentemente faltamos com a fidelidade a Deus, ele nunca foi vítima do pecado.
Essa afirmação é para todos nós motivo de grande conforto. Revela-nos um Jesus muito próximo, muito sensível aos nossos problemas.
Ele não fingiu ser homem, mas o foi de fato, passou por todas as dificuldades que nós temos que enfrentar e, portanto, tem conhecimento de como é difícil manter a fidelidade a Deus, especialmente quando somos provados pelo sofrimento.
Um pouco mais adiante, na mesma carta, o autor voltando ao mesmo assunto acrescenta: embora fosse Deus aprendeu, com o seu sofrimento, como é difícil para o homem obedecer e aceitar a vontade de Deus (Hb 5,8).