Bernardo Campos – O ignoto
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por Bernardo Campos

Propositadamente, o título acima quer esclarecer, de ante mão, que desde já se está à cata de um tema para hoje. Essa circunstância então, talvez, deixe o leitor curioso para seguir possíveis veredas abertas ou, simplesmente, parar por aqui.
Veredas abertas, até nisso, com alguma confiança, porque milagres acontecem e, destarte, uma tênue luz que surja pode clarear a mente. Tudo se explica, uma vez que o recolhimento imposto para dentro de casa, mesmo para os idosos pouco frequentadores sociais, tem sido penoso.
No meu caso, então, para um ardume mais acentuado, saí, mas para visitas a médicos e uma intervenção cirúrgica sucedida sem riscos, graças a Deus.
A gente nem ensaia visitas e pela mesma causa também não as recebe. Aquela máscara por cima da boca e das narinas, quase que vem com “sons mecânicos” e sem constrangimento: não se achegue ou também não vou aí.
A pior das consequências é da elasticidade dos horários. Compromissos postergados, horário solto das refeições, mais tempo perdido na TV que, procurada com maior frequência, acentua sua banalidade no mais das vezes e, com a jornada desditosa do São Paulo, ainda mais enfadonha.
Gravame recente, o da escassez de água, causa do clima seco a cada instante mais acentuado. Fazia-se acreditar que Itu não mais passaria por tal agrura. Essa apertura, no entanto, grassa por múltiplas regiões. Constrange saber da existência de moradias, nas quais a água não só está minorada como falta de vez, segundo se propala.
Questão mesmo de sobrevivência aos humanos e aos animais, a dita escassez de água, que traz também no seu bojo a fonte da energia elétrica, cuja conta triplicou.
Um grande estabelecimento comercial só se planta após estudos meticulosos e, nesse particular, Itu é vista com capacidade de consumo nada desprezível, malgrado a fase aparentemente cautelosa quanto a investimentos. Assim é que dia destes se inaugurou, portentoso supermercado em terrenos do Asilo de Mendicidade Nossa Senhora da Candelária. Ao que consta, é longo o período de concessão do terreno, ao passo que se abriria renda concomitante, mensal e expressiva, à entidade proprietária. É o que se difunde por aí.
Já com outra característica – a de não saber o colunista quanto a quem hoje caiba a pertença do imóvel já demolido – outrora agência Volkswagen – vem aí também o supermercado Caetano, conforme placa ali aposta.
E demos um salto, de vez que o pontilhado de notas hoje predomina, para saudar a fecunda inspiração do escritor ituano, Paulo Stucchi, que outro dia mesmo surpreendeu com uma intrincada e inspirada aventura, “A filha do Reich”. Recentíssimo, brinda-nos agora com um romance bem à brasileira, pleno de surpresas nas selvas, lugarejo de Guaiapis, às margens do rio Jari, no extremo sul do Amapá. Observa-se no confrade Stucchi, o estilo de trazer os capítulos do presente e do futuro, intercalados, ¨pari passu”. Já em “A filha do Reich” assim o fizera. Consegue em ambos manter o suspense todo o tempo.
Nota desanimadora. Teria que ser feita a remediados, nem se diga aos praticamente sem salário, que o mínimo já mudou sua denominação para “minguado” de vez. A não pequena parcela de assalariados que modestamente se bastavam, sem maiores percalços, agora atingidos em cheio. Vejam-se os preços dos alimentos em janeiro frente aos atuais. Achatamento salarial pecaminoso, inclemente e descarado.
Ao repente, surge por si uma pergunta:
Não caberia ao Governo assumir diretamente o avanço das contínuas queimadas de 2021, vez que ano passado o titular do Meio Ambiente fora defenestrado, aliás tardiamente? E o atual? A quem competiria em suma.
O Palácio, talvez, como se estivera preocupado com o fogaréu insano, alegaria ter passado ao Vice, ora ausente, os cuidados com a Amazônia. Este, no ápice do fogaréu, encontra-se no Exterior.
E, continuando na mesma conjuntura, pergunta-se, com todo respeito, quanto ao Exército, sobre se seriam viáveis deslocamentos de se não metade, ao menos um terço ou mesmo um quarto de seu pessoal, a milhares de focos de queimadas Brasil afora. Sabe-se que, por certo, que esse lídimo órgão de tanta tradição, tem suas unidades bem distribuídas nos muito quadrantes do território pátrio. Se o fez, mesmo que em pequena escala, isso terá escapado a este modesto escriba. Tardio talvez esse clamor.
O ignoto, lá da abertura, até nem se aplicaria aos avanços do texto de hoje. Mas tampouco se o retire ou mude, eis que cabe sim no contexto. Pois insinuou puxar a linha e… havia peixes.
Repercutiu, a propósito, a ampla foto, da distinta acadêmica, professora Maria Ângela, como capa da última edição da revista Regional. Dama e dona de requintada finesse, que, entanto, não lhe roubam a qualidade de fazer-se simples e amiga.
Por oportuno, louve-se o empenho da Academia de Letras de Itu, que, em todos os meses encontrou-se, ainda que focados só os semblantes dos presentes e ouvidas suas vozes. Igual cumprimento à Academia Saltense, coirmã, que persevera nos mesmos moldes.
No mais, oremos todos, pela recuperação de dias melhores e que no Brasil haja, pela Divina Providência, um melhor equilíbrio na qualidade de vida de todos os seus filhos.

Sonhar não é pecado.

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