Pe. Affonso Parisi
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Pe. Affonso Parisi

Vale sempre a ideia de missão na mentalidade dos jesuítas no século XIX. Eles foram educados para combater o indiferentismo religioso dominante nos círculos filosóficos e políticos da Europa. Desde que o Iluminismo abriu espaço para novas visões sobre Deus, os caminhos de renovação das ideias tomou rumos inimagináveis àquele tempo. Os primeiros socialistas, inspirados em Rousseau propunham superar o domínio político e ideológico exercido pela religião. Cinquenta anos depois, Karl Marx escreveu que a religião é o ópio do povo. Os três primeiros grupos de religiosos europeus que vieram a São Paulo: os capuchinhos, professores do Seminário Diocesano na capital, as Irmãs de São José e os jesuítas em Itu faziam parte de frente de reação a essas ideias, intelectuais formados no conservadorismo católico. E a grande tarefa, no Brasil, era educar a partir de princípios religiosos, reduzindo a influência da Maçonaria, do Espiritismo, do Protestantismo e do Socialismo, por exemplo.
E que estratégia utilizar? A tática foi incentivar a vida religiosa próxima aos sacramentos, propondo uma ascética mesmo a quem vivia distante das cidades. A confissão constante e a comunhão, como meios de fortalecer a fé, foram amplamente difundidos.
Os missionários deveriam ser versados na retórica simples, aproximarem-se do povo, incentivar o casamento a quem vivia uniões estáveis, ensinar o catecismo e criar situações lúdicas que combatessem outras questões como o vício do jogo e da embriaguez, a liberdade sexual e violência.
Um dos missionários populares desse tempo foi o padre Affonso Parisi. Nascido na Itália em 30 de julho de 1842, entrou para a Companhia de Jesus aos 22 anos. Iniciou a ação missionária em Honduras. Chegou a Itu a 11 de junho de 1888. Lecionou inglês no Colégio São Luís e no Anchieta (Nova Friburgo). Trabalhou também na igreja do Bom Jesus por alguns meses.
A grande atividade do padre Parisi, porém, foi o apostolado junto do povo, primeiramente em Nova Trento (Santa Catarina), com imigrantes italianos. Foi um dos que conheceu e incentivou a Santa Paulina em suas primeiras atividades. Em 1896, Parisi foi para São Paulo e, na igreja de São Gonçalo, na região central, convivendo com comunidades de origens tão distintas, portugueses, espanhóis, italianos e árabes, foi fundamental a aplicação de novas associações religiosas, que reuniam, sobretudo, jovens: o Apostolado da Oração e as Congregações Marianas. A igreja de São Gonçalo passou a ser um local de encontro, além das missas, também reuniões, rezas e palestras.
Não havia ainda a Catedral atual e nem a Praça da Sé. A Praça João Mendes, aberta defronte à igreja de São Gonçalo era somente um projeto. Portanto, o templo estava diante de um pequeno largo cercado de quarteirões de casas, cujos moradores eram sempre visitados pelo bom jesuíta.
Parisi morreu em Itu a 27 de setembro de 1904, vítima de enfermidade cardíaca que veio tratar no colégio, pois este contava com enfermeiros e melhor estrutura de saúde.

Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”

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