“A presença da fé na vida dos filhos: a maior herança”
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“O amor não é somente um sentimento, mas também uma decisão que deve ser demostrada nos pequenos atos no dia a dia.” Assim o diácono permanente Ezio Ribeiro define o amor no matrimônio, tema deste mês das reflexões propostas pelo Papa Francisco para o Ano “Família Amoris Laetitia”. Exercendo suas funções na paróquia Senhor do Horto e São Lázaro, o diácono destaca a importância dos pais viverem sua fé na vida familiar e serem testemunhas para os filhos.
Ezio é casado há 43 anos com Maria Dinah, e são pais de César Murilo, de 42 anos; Luís Maurício, 40; e Carlos Marcelo, 36. Também são avós de Mackenzie (in memoriam); Calisa, de 5 anos, e Rafael, de 4. Na carreira profissional, Ezio formou-se em ciências contábeis. Atuou por 28 anos na Nossa Caixa, hoje incorporada ao Banco do Brasil, onde se aposentou como auditor, em 2004. Entre 2005 e 2009, assumiu a diretoria financeira do extinto Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Itu (SAAE).
Na Igreja, Ezio é atuante desde jovem, tendo participado e coordenado grupos de jovens, participado da Renovação Carismática Católica e atuado como ministro Extraordinária da Sagrada Comunhão por 27 anos. Foi ordenado diácono em 2012, atualmente exercendo as funções diaconais na paróquia Senhor do Horto e São Lázaro, onde presta apoio às famílias da comunidade em suas necessidades. Também coordena o Núcleo Teológico São Paulo Apóstolo, aqui em Itu, onde são oferecidos o Curso de Teologia para Leigos, Catecismo da Igreja Católica e outros Cursos de Extensão, além de atuar como diretor espiritual do Encontro de Casais com Cristo – Segunda Etapa, na Região 7 da Diocese de Jundiaí, correspondente à cidade de Itu.

Jornal “A Federação”: No subsídio deste mês, o tema principal é o amor no matrimônio. A Exortação Apostólica “Amoris Laetitia” diz que “o amor não é apenas um sentimento”, mas “deve ser colocado mais nas obras do que nas palavras” (AL 94). Como podemos romper a banalização do amor e transformá-lo em vivência autêntica em família?
Diácono Ezio Ribeiro: O amor não é somente um sentimento, mas também uma decisão que deve ser demostrada nos pequenos atos ou atitudes no dia a dia, em favor do outro. Por isso, no matrimônio, devemos sempre buscar o bem da esposa ou do esposo e dos filhos, participando em cada momento da vida deles. A presença da fé dos pais no cotidiano da vida dos filhos é o maior dom, a maior herança e contribuição que um pai ou mãe pode oferecer aos filhos. Mais que dar ou proporcionar coisas materiais, os filhos desejam a presença dos pais em tudo o que lhes acontece. A presença dos pais é decisiva para a felicidade e a realização dos filhos.

JAF: O Papa Francisco fala sobre a importância de comemorar em família os momentos de alegria, educando os filhos a perceber e celebrar a alegria dos outros. Você concorda? Como podemos fazer isso em família?
DER: Sim, concordo. É importante comemorar em família cada vitória de um filho ou parente, valorizando cada conquista. É importante também valorizar a conquista de outros que lutam e se dedicam para atingir seus objetivos. Lembrando sempre que não se trata de uma competição, mas, sim, cada um aprimorando os dons que Deus lhe deu e incentivando outros a também lutarem para atingir seus objetivos.

JAF: Em seus depoimentos, o casal Julie e Gérard fala sobre as dificuldades cotidianas de viver o amor em família, convivendo com as diferenças de opinião, de interesses e de formas de ser. A Exortação Apostólica “Amoris Laetitia” afirma que o amor convive com a imperfeição e a perdoa (AL 113). Em sua opinião, é possível viver isso no ambiente familiar? De que forma? Como a Igreja pode contribuir com a família nessas dificuldades?
DER: Sim, é possível! Temos visto muitos casais celebrando as bodas de ouro, o que é um testemunho para os casais mais jovens. É claro que a vida no matrimônio exige renúncias e muita paciência, porque nos propusemos a viver ao lado de uma pessoa com uma história bem diferente da nossa. Cada um traz para a vida do casal muitas coisas boas, mas também muitos defeitos. Viver bem exige sacrifício, tolerância, perdão, compreensão. Um ajudando o outro, orando juntos, vão crescendo e formando a família cristã. E se surgir alguma dificuldade, como nos contou o casal Julie e Gérard, é preciso ter humidade e procurar a ajuda da Igreja, que está sempre de portas abertas para acolher o casal e pode orientá-lo para superar as dificuldades que está enfrentando no matrimônio.

JAF: O Papa Francisco afirma que “a força do amor supera toda ameaça” e possibilita que sejamos firmes e confiantes. Você acredita que seja possível criar na família um ambiente de confiança para os filhos, mesmo com as dificuldades que a família enfrenta hoje?
DER: É um desafio, mas é possível! A presença da fé dos pais no cotidiano da vida dos filhos é o maior dom, a maior herança que um pai ou uma mãe pode oferecer a seus filhos. A presença dos pais é muito importante para a felicidade e a realização dos filhos. Mesmo que o tempo que os pais tenham para dedicar a seus filhos seja reduzido por causa do trabalho, as poucas palavras ditas por um pai ou uma mãe são momentos preciosos para enraizar nos filhos a formação religiosa e a fé, que ajuda a superar as ameaças que possam atingir as famílias.

JAF: Na mensagem para o Dia Mundial dos Avós, o Papa Francisco lembra que os familiares podem ser os anjos enviados por Deus para consolar a solidão dos idosos, nos momentos de escuridão e de angústia. Em sua opinião, como podemos ser “anjos” para os avós, mesmo nestes tempos de pandemia e isolamento?
DER: Nestes tempos difíceis que estamos vivendo, não podemos nos esquecer daqueles que tanto fizeram por nós e que agora, devido à pandemia se encontram isolados e até esquecidos. Temos que rezar sempre por eles para que não se sintam sozinhos. Que Deus esteja sempre presente na vida deles e lhes dê as forças necessárias para passarem por este momento difícil. Mas, como o Papa Francisco nos diz, temos que ser anjos e acompanhá-los por meio de um telefonema ou mesmo das redes sociais e, sempre que possível e com todo o cuidado, fazer-lhes uma visita.

JAF: Como mensagem final, o que você diria para as famílias que enfrentam dificuldades para viver cotidianamente o amor e criar um ambiente para o crescimento saudável dos filhos? Como enfrentar os momentos difíceis na vida familiar?
DER: “Família sadia, mundo melhor” (Papa Francisco). Tudo começa em casa, na família. Que sejamos tolerantes e sinceros, não tenhamos medo de demonstrar que não somos perfeitos e saibamos pedir perdão quando errarmos. E buscamos crescer juntos, orando em família. Para finalizar, agradeçamos a Deus, pois seu Filho feito homem conheceu a intimidade familiar, as aflições e as alegrias. Roguemos ao Deus da vida que proteja e guarde as nossas famílias, para que tenham paz e harmonia e sejam no mundo testemunhas do amor de Deus, sendo verdadeiras Igrejas domésticas.

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