O poder de uma visita
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Todos nós, certamente, já vivemos a experiência de uma visita. Como visitados e como visitantes. Já sentimos que receber uma visita, especialmente nos momentos de maior fragilidade, pode nos ajudar a sentirmo-nos cuidados, a ganharmos ânimo para enfrentar as dificuldades. E também já percebemos o brilho nos olhos de alguém quando vamos ao seu encontro, lhe dizemos palavras de carinho ou, simplesmente, dedicamos alguns momentos para estarmos juntos.
Em tempos de isolamento social – com o qual já convivemos há 16 meses – falar em visitar e receber visitas parece até obra de ficção! Mas talvez, neste momento, estarmos próximos uns dos outros seja nossa maior necessidade. E, por isso, precisa ser uma de nossas prioridades.
Essa é a proposta da Igreja de um gesto concreto para celebrarmos o 1º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, no próximo dia 25 de julho. A visita é um modo, enraizado na tradição, para manifestar a misericórdia às pessoas mais fragilizadas, entre elas os idosos – diz o documento do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, órgão do Vaticano que está organizando as atividades em torno desse dia.
A visita é também um sinal tangível da “Igreja em saída”, proposta marcante do pontificado de Francisco, de uma Igreja que, como Jesus, vai ao encontro dos que mais precisam de sua palavra, de seu carinho, de sua presença. E, nestes tempos marcados pela pandemia e pelo distanciamento social que ela provocou, a visita é uma forma de reafirmar que, mesmo à distância, existe um jeito de estar perto dos idosos.
Mas, a visita – ou outra iniciativa para estar próximo – precisa, antes de tudo, de uma escolha e de uma atitude pessoal. É preciso levantar-se e ir ao encontro do outro, assim como fez Maria ao escolher e decidir ir visitar sua prima Isabel, já idosa. É preciso sair de nosso conforto, do lugar já conhecido, de nossa acomodação, para podermos estar com o outro, saber de suas necessidades e dificuldades, partilhar de suas angústias e medos, encontrar dentro de nós mesmos algo que possa ser bom para o outro.
Precisamos resgatar as relações com os idosos de nossas famílias, que podem ter sido afetadas pelo distanciamento social. E também aquelas que já estavam desgastadas, antes mesmo da pandemia, por tantas circunstâncias da vida moderna, como o conflito entre gerações e o espírito de descarte de uma sociedade em que envelhecer significa tornar-se obsoleto, “não servir mais para nada”. Resgatar e renovar a relação com os idosos significa trazer para a família o sopro de sabedoria que somente a experiência dos anos vividos podem trazer. Sabedoria e experiência que não podem ser compradas e sem as quais, os jovens são privados de uma riqueza para suas próprias vidas.
A atitude de ir ao encontro dos idosos, neste Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, é uma oportunidade para cada neto dizer aos seus avós e para cada pessoa “mais jovem” dizer a uma pessoa idosa as mesmas palavras que Jesus disse aos seus discípulos antes de subir ao céu e que o Papa Francisco escolheu para esta data: “Eu estou contigo todos os dias!”
Com a certeza de que nós, que visitamos, ganhamos tanto ou mais do que aqueles que recebem nossa visita.

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