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1ª Leitura (Jr 23,1-6)
O profeta Jeremias vive num período político muito difícil. Encontramo-nos no fim do século VII a.C. Durante uma batalha feroz, morre o piedoso rei Josias e o poder passa para as mãos do seu filho Joaquim. É corrupto, gosta de luxo, pratica violências e abusos e permite que, nos tribunais, sejam punidos inocentes e absolvidos os culpados.
Alia-se ao Egito e desafia Nabucodonosor, rei da Babilônia, que manda seu exército e transforma Jerusalém em um monte de ruínas, reduz ao cativeiro todos os homens robustos e os deporta para trabalhos forçados em sua terra.
É durante esse período dramático que Jeremias é chamado para desenvolver a sua missão. A leitura começa com as palavras ameaçadoras de Deus contra os dirigentes políticos que o profeta compara a pastores que, em vez de protegerem o rebanho que lhes foi confiado, o conduzem à perdição.
Para consolar o seu povo, Jeremias não se limita a anunciar o futuro imediato, mas fala daquilo que Deus realizará em tempos mais remotos (vers.5-6). Ele suscitará da família de Davi um rebento justo, um rei sábio que estabelecerá o direito e a justiça sobre toda a terra.
Realizou-se essa profecia? Sim! Mas não da maneira que os homens esperavam. Deus até superou suas expectativas. O pastor prometido não estabeleceu um reino deste mundo, não subjugou homens com a força das armas, mas transformou os corações.
O “pastor”, o filho de Davi prometido, nós o conhecemos: é Jesus de Nazaré!
As ameaças dessa leitura talvez tenham evocado à nossa mente situações injustas, violências, opressões que ainda imperam nos nossos dias. São ainda numerosos, de fato, os que abusam da própria autoridade e cometem injustiças.
As palavras de Jeremias, porém, não devem nos trazer à tona somente os pecados dos outros. Nós também, no nosso pequeno mundo, quando somos chamados a exercer alguma parcela de autoridade, agimos talvez como “maus pastores”?

2ª Leitura (Ef 2,13-18)
A carta aos efésios está falando aos cristãos de origem pagã que foram batizados há pouco tempo e os convida a meditar sobre sua nova condição: antes estavam “longe” – diz-lhes – mas agora “estão presentes”.
De quem eles se aproximam? Do povo que tinha recebido a promessa de todas as bênçãos de Deus. A leitura de hoje nos ensina que Jesus derrubou todas as barreiras que separavam os homens e os reuniu num único povo (vers.14) e nós devemos estar em condições de mostrar ao mundo que o amor de Cristo consegue derrubar todos os muros que nos separam.
Que muros são esses? Por que as pessoas alimentam ódios? Por que se encaram como inimigas? O nosso batismo não terá conseguido anular aquelas leis e tradições que tendem a perpetuar as inimizades, as desconfianças, os preconceitos em relação àqueles que não fazem parte do nosso grupo? Não absorvemos ainda aquela lei que nos permite ver em cada ser humano um irmão que deve ser amado e servido?

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