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Coluna organizada por Nilo Pereira, segundo a exegese do Pe. Fernando Armellini, scj

1ª Leitura (Am 7,12-15)
À época em que vive Amós talvez seja o período mais próspero que o Reino de Israel jamais tenha conhecido. O comércio está florescente, as ricas minas de cobre estão em pleno funcionamento, foram introduzidas novas técnicas agrícolas, verifica-se uma grande explosão demográfica. Então, tudo bem? Assim parece.
E a religião? Nunca foi tão respeitada, praticada e incentivada. O próprio Jeroboão II, à sua maneira, é um homem muito religioso: é ele que paga os sacerdotes, que custeia as despesas dos templos. Não parece que era preciso agradecer a Deus por um rei tão piedoso?
Certo dia chega a Belém um homem rude. É Amós, um pastor de Técua, cidade da Judéia, perto de Belém. Ele ergue a sua voz porque se deu conta que a grande prosperidade foi atingida ao preço de injustiças inaceitáveis. Ele arremete contra o luxo: os ricos vivem em palácios esplêndidos, “de verão”, “de inverno”, banqueteiam-se com iguarias finas e passam de festa em festa.
E onde buscam dinheiro? Exploram os pobres, oprimem e maltratam os humildes, falsificam as balanças, fixam os preços a seu bel prazer. E a solene celebração religiosa? É só mentira, aparência, formalismo. Para Deus não interessa as orações, os cantos, o incenso, as festas; ele quer que se acabe com as desigualdades escandalosas, a opressão, as injustiças.
É nesse contexto social e político que se insere o trecho desta leitura. Passados alguns anos, Samaria, a capital, caia sob os ataques do exército da Assíria. Termina assim – conforme a profecia de Amós – a orgia dos voluptuosos (Am 6,7).
Os cristãos dos nossos dias também podem sentir-se tentados a seguir o comportamento do sacerdote Amasias. Para se livrar desse perigo, o pregador da palavra deve manter a própria independência econômica, como Amós que, com justificado amor próprio, responde para Amasias: “não mudarei minha mensagem pois não tenho salário para me acobertar atrás dele”.

2ª Leitura (Ef 1,3-14)
Esta carta se abre com um longo hino de bênção a Deus pelas obras maravilhosas que ele realizou favor dos homens. A “benção” é a forma mais característica da oração judaica, que os cristãos das primeiras comunidades costumavam cantar durante as celebrações litúrgicas. Quando se dirige a Ele para pedir-lhe alguma coisa, nunca diz assim: “Senhor, concede-me a saúde, o perdão, este benefício ou outro…..” mas sempre se volta para Ele nestes termos: “Bendito és tu, Senhor nosso Deus, tu que dás a cura, o perdão, todos os dons: concede-nos…..”
Deus idealizou um plano de salvação para toda a humanidade, ele decidiu que todos os homens formassem uma só pessoa com Cristo, que recebessem a sua vida divina e fossem introduzidos em sua família. A humanidade não está destinada à ruína e à destruição, mas à felicidade sem fim.
Ao nosso redor, é verdade, surgem muitos acontecimentos dramáticos até mesmo tragédias, há guerras, calamidades naturais, epidemias, infortúnios. Não obstante tudo isso, nós continuamos sempre manifestando nossa confiança em Deus porque temos a certeza de que ele está realizando o seu sonho.

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