Exmo. Snr. Barão de Itahym
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A 17 de fevereiro de 1907 o professor Tristão Mariano da Costa, através desta folha, publicou um elogio a Bento Dias de Almeida Prado, com o título acima. As biografias, como outras linguagens da história, seguem o ritmo de seu tempo, respondendo aos anseios e interesses de cada época. Os traços biográficos registrados por Tristão foram profundamente laudatórios. Iniciou dizendo: “perpetuar e transmitir aos pósteros o nome dos benfeitores da humanidade é não só um dever de gratidão cristã, como um estímulo ao amor pátrio, fazendo-o por meio das letras, perdurar na memória e na tradição de nossos concidadãos.”
Ao longo do artigo, o autor revela a trajetória de um cidadão protagonista das grandes iniciativas de seu tempo em Itu, em um tempo em que o poder público não estava obrigado a desenvolver políticas voltadas ao bem comum, à educação, saúde pública e cultura, por exemplo.
Dentre as tantas participações de benemerência do Barão de Itaim, título que Bento de Almeida Prado recebeu de Pedro II, estão recursos vultosos para a formação dos colégios Nossa Senhora do Patrocínio (1857) e São Luís (1865), construção da Santa Casa de Misericórdia (1864) e da Estrada de Ferro Ituana (1873), reforma do hospital e capela de S. Lázaro (1886), obras de canalização de água (1884), constituição do Asilo de Mendicidade (1903) e da Companhia Ituana de Força e Luz (1904). Essas quantias vieram de seus investimentos na lavoura e outros negócios capitalistas em São Paulo, todos de sucesso financeiro.
Segundo Tristão Mariano, ao Barão de Itaim também se devem os maiores recursos aplicados no restauro das igrejas Matriz, Carmo, Santa Rita e capela do Salto, no final do século XIX.
Tristão Mariano acrescenta em seus louvores ao Barão, para justificar a iniciativa de biografa-lo: “não há lição mais poderosa do que aquela do exemplo. As palavras voam: os escritos podem ser mal interpretados: porém os fatos públicos e as obras aí ficam atestando aos vindouros o testemunho vivo de nossos antepassados.”
A lembrança do Barão de Itaim vem novamente agora, quando completaria bicentenário de nascimento; ele veio ao mundo a 16 de julho de 1821.
Chefe político do grupo “jagunço” do Partido Republicano local, Bento de Almeida Prado foi uma liderança nas instituições em que contribuiu e decisões que tomou, como a substituição da mão de obra escrava por imigrantes em nossa região (1886).
Biógrafo e biografado morreram no ano seguinte ao artigo, o Barão a 17 de fevereiro (exatamente um ano após a publicação) e Tristão a 6 de abril. Sem filhos, os herdeiros do Barão foram instituições e parentes próximos.
Para conhecer melhor a história desse conterrâneo, sugere-se a leitura do livro “O Barão de Itu” escrito pelo Prof. Inaldo Lepsch, publicado em 1999.
Tristão encerrou sua matéria com palavras que talvez pudessem ser repetidas hoje: “Assim unicamente somos impulsionado pelo imperioso dever de gratidão ao ínclito filho desta terra (…) pelo muito que tem feito em benefício do nosso velho Itu.”

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