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“Jesus chamou a si os Doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois” (Mc 6,7).

Queridos leitores e leitoras: o Evangelho do domingo do próximo dia 11 de julho, quando a Igreja celebra o 15º Domingo do Tempo Comum, recorda-nos que Deus atua no mundo através dos homens e mulheres que Ele chama e envia como testemunhas do seu projeto de salvação (Mc 6,7-13). Esses enviados devem ter como grande prioridade a fidelidade ao projeto de Deus e não a defesa dos seus próprios interesses ou privilégios. As instruções dadas por Jesus aos apóstolos enviados em missão visavam ajudá-los a não perder de vista a perspectiva de serviço ao Reino: Jesus “chamou a si os Doze (apóstolos) e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes autoridade sobre os espíritos impuros. Mandou que não levassem nada pelo caminho, a não ser um cajado: nem pão, nem sacola, nem dinheiro à cintura, mas que calçassem sandálias e não usassem duas túnicas” (Mc 6,7-9).
Na perspectiva de Jesus, os discípulos devem partir para a missão, num despojamento total de todos os bens e seguranças humanas. Podem levar um cajado; mas não devem levar nem pão, nem sacola, nem dinheiro, nem duas túnicas. Devem ser totalmente livres e não estar amarrados a bens materiais; caso contrário, a preocupação com os bens materiais pode roubar-lhes a liberdade e a disponibilidade para a missão. Por outro lado, essa atitude de despojamento ajudará também os discípulos a perceber que a eficácia da missão não depende da abundância dos bens materiais, mas unicamente da ação de Deus.
Os enviados foram orientados também sobre como comportar-se no fracasso. Na medida em que tivessem consciência de terem sido fiéis no cumprimento da missão, embora os ouvintes não dessem ouvido às suas palavras, só lhes restaria seguir adiante. A rejeição não era um sinal de que a missão chegara ao fim. Restava-lhes o mundo todo para evangelizar: “Quando entrardes numa casa, permanecei ali até a vossa partida. Se em algum lugar não vos receberem, nem vos escutarem, saí de lá e sacudi a poeira dos vossos pés, em testemunho contra eles” (Mc 6,10-11).
Meus irmãos e minhas irmãs: As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) supõem a missão como estado permanente, e não como algo passageiro ou ocasional. É meta e exigência de toda a ação eclesial. Evangelizar é a missão principal da Igreja, pois a Igreja, o sinal visível do Cristo invisível, existe para evangelizar, ou seja, comunicar a Boa Nova da salvação a todos os povos, testemunhando os sinais da misericórdia de Cristo. A imagem da casa, lugar de acolhimento, de vínculos fraternos é muito utilizada pelas novas Diretrizes para exemplificar o serviço da Igreja que deve sempre ser alicerçada nos pilares da Palavra, do Pão, da Caridade e da Ação Missionária.
Diante dessa pandemia mundial ocasionada pela Covid-19, nós podemos nos questionar: como realizar essa evangelização diante desta triste realidade? Como vivenciar os quatro pilares solicitados pela Igreja no confinamento de nossos lares? Primeiramente, devemos reconhecer que é o Espírito Santo quem dirige a Igreja. Ele continua inspirando-nos a sermos testemunhas vivas do Evangelho para suscitar a atenção dos que não creem ou não praticam o Evangelho, e assim continuar conquistando novas pessoas para Deus. É o Divino Espírito quem nos faz perceber que “nossas comunidades precisam ser oásis de misericórdia, no deserto da história, casas de oração profunda, de mergulho no sagrado mistério revelado pelo Amor do Pai” (CNBB, Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023 – Documentos da CNBB, n. 109, n. 132).
A provação pandêmica tem favorecido importantes aprendizados e oportunidades para a vivência e o anúncio do Evangelho. Reconhecemos, com gratidão, o empenho de tantas comunidades cristãs que foram criativas para manter viva e operante a ação evangelizadora, especialmente pelas mídias sociais, promovendo a transmissão de celebrações litúrgicas, catequeses e aconselhamento aos fiéis. Em tempos tão difíceis que estamos vivendo, não podemos esmorecer o fervor missionário dentro de cada um e cada uma de nós.
Por fim, fica o chamado para que cada comunidade ou grupo conheça e discuta a proposta de formarmos pequenas comunidades eclesiais missionárias, encontrando, mesmo nesses tempos, o caminho mais adequado a cada realidade particular para realizar a evangelização da melhor maneira possível. O que deve ficar marcado, entretanto, é o desejo de não desistir e nem desanimar e a certeza de que o Senhor caminha sempre conosco.

A todos abençoo.
Dom Vicente Costa
Bispo Diocesano de Jundia
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