Novas linguagens, novos meios, novos desafios
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por Celso Tomba

No último domingo, em que celebramos a Ascensão do Senhor, também foi um dia para celebrar e refletir sobre a Comunicação. O Dia Mundial das Comunicações Sociais é celebrado pela Igreja desde 1967, depois do Concílio Vaticano II ter considerado importante reservar uma data para esse fim. Desde então, todos os Papas têm redigido uma mensagem alusiva à data, propondo que pensemos sobre o papel da Comunicação em nossas vidas e nosso próprio papel, individual e como Igreja, diante dos meios de comunicação.
Na mensagem redigida para este ano, o Papa Francisco nos convida a refletirmos sobre a frase de Jesus “Vinde ver! (Jo 1,46)”, propondo “Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”. Já abordamos esse tema aqui e a necessidade de construirmos uma comunicação verdadeira e baseada nos fatos, fugindo do “ouvir dizer” e da mera replicação e encaminhamento automático das mensagens que recebemos. Somos responsáveis pelo que falamos, escrevemos, curtimos e encaminhamos!
Merece também nossa reflexão a comunicação que construímos na Igreja. Tanto a comunicação que fazemos internamente, com aqueles que fazem parte da Igreja, como a comunicação que fazemos com aqueles que estão fora da Igreja, que, por força da missão que recebemos, também precisam ser incluídos em nossos planos de comunicação.
Como nos ensinam os manuais de comunicação, é necessário pensar na linguagem que estamos utilizando. A comunicação precisa ter como foco o público com o qual queremos falar. Pessoas diferentes, de grupos sociais diferentes, precisam que a linguagem seja diferente. Jovens, idosos, acadêmicos, analfabetos, moradores das cidades e do campo, indígenas, quilombolas, precisam de linguagens diferentes para que a mesma mensagem chegue efetivamente até eles.
Outro aspecto importante é que a comunicação na Igreja tem sem voltado muito para seu interior, falando com seus seguidores, numa linguagem que é conhecida internamente, mas que nem sempre é atrativa e nem mesmo compreensível para quem está fora. Com isso, podemos estar descuidando de uma missão da qual não podemos abrir mão: anunciar o Evangelho a todas as pessoas.
Os meios utilizados pela comunicação também são fundamentais. Nem todos os meios atingem todas as pessoas. Hoje percebemos uma predominância das redes sociais como formas de recebermos e também de produzirmos informações. Como Igreja, precisamos estar presentes nesses meios para realizar a comunicação com pessoas que acessam pouco ou não acessam os jornais, as rádios e as TVs. Mas sem descuidar daqueles que, por opção ou por falta de recursos, não estão conectados às mídias digitais.
Novas linguagem e novos meios implicam novos desafios. Nem sempre é fácil, mexe com nosso lugar conhecido, com aquilo que já estamos acostumados – e, às vezes, acomodados. Mas, realizar nossa missão, pede que “gastemos a sola dos sapatos” em busca de anunciar o Reino de Deus a todas as pessoas, indo ao encontro delas “onde elas estão e como elas são”.
“Há muito que fazer, temos que crescer muito! (…) Eu acredito muito na comunicação, mas tenho a consciência de que tudo o que a gente faz de comunicação como Igreja, no presente momento, é apenas o grãozinho de areia na praia. Temos muitas coisas ainda a praticarmos na comunicação para que ela esteja a serviço da vida.”

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