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“Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda criatura!” – (Mc 16, 15).

Caríssimos leitores e leitoras: após sua Ressurreição e depois de vários dias manifestando-se aos discípulos, Jesus eleva-se diante deles para voltar ao convívio do Pai, no céu. Eis a grande solenidade da Ascensão do Senhor que celebramos neste fim de semana e que nos faz refletir sobre a nossa missão como discípulos missionários do Senhor Jesus.
Na caminhada lado a lado com Jesus, o Filho de Deus feito homem, durante sua vida pública, os discípulos tinham visto muitas coisas e se maravilhado com elas. Quantos milagres e prodígios! Quantas parábolas e ensinamentos! Quantos sinais e gestos de amor, compaixão e perdão! A última vez que os apóstolos viram o Mestre, foi também inesquecível. Viram o Messias ser elevado e desaparecer por entre as nuvens.
Este relato encontra-se no livro dos Atos dos Apóstolos, bem em seu começo. Ali se diz que: “(Os discípulos) continuavam olhando para o céu, enquanto Jesus subia. Apresentaram-se a eles, então, dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: ‘Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? Esse Jesus que, do meio de vós, foi elevado ao céu, virá assim, do mesmo modo como o vistes partir para o céu” (At 1,10-11).
A vida contemplativa certamente é a base da caminhada espiritual da Igreja. Não há como realizar nada em nome do Senhor se, antes, não estivermos em íntima comunhão com ele. Porém, não se vive apenas de contemplação. Deus não deseja que nos acomodemos, usando a vida de oração como desculpa para a inatividade. A nossa vida contemplativa deve ser também “ativa”. A nossa oração deve nos levar à “ação”. Isso, fique bem claro, sem cair na tentação do ativismo religioso.
Nossos olhos devem sempre estar voltados para o alto. Devemos estar sempre na presença do Senhor, contemplando suas maravilhas. Porém, não podemos ficar parados diante das necessidades da Igreja e dos nossos irmãos e irmãs. A vontade de Deus é que, voltando o nosso olhar para o céu, consigamos trabalhar em favor do Reino desde aqui e agora, nesta terra. Assim continuaremos colaborando na obra que é de Jesus Cristo.
Na sua despedida, a última ordem de Jesus foi esta: “Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda criatura!” (Mc 16,15). O verbo “ir” indica movimento, donde se conclui que, para servir a Deus é preciso estar sempre a caminho, com os pés no chão, pé ante pé, a passos largos, mas não maiores que as próprias pernas. É o próprio Cristo, com seu Espírito Santo, quem nos ensina a trilhar o verdadeiro caminho da evangelização e a não trocar os pés pelas mãos. É preciso que, em nossos dias, continuemos imitando os discípulos. Eles saíram e pregaram o Evangelho por toda a parte (cf. Mc 16,20), e graças a isso, o Cristianismo espalhou-se pelo mundo inteiro. O caminhar, porém, não deve também servir de pretexto para a falta de oração ou contemplação.
Como fazer, então, para manter em equilíbrio essas duas práticas tão valiosas para a evangelização, que são a vida contemplativa e o trabalho ativo em nossas comunidades? Como evitar a vida de oração vazia de obras e a lista de obras vazia da graça divina? Devemos recordar as palavras do apóstolo Paulo: “Que ele (o Espírito Santo) ilumine os olhos do vosso coração” (Ef 1,18). De fato, somente com o “Espírito da sabedoria e da revelação” (Ef 1,17) é que conheceremos a vontade de Deus a nosso respeito e as obras que ele nos quer ver realizando. É o próprio Senhor quem vai nos ensinando e indicando o caminho diariamente.
Caríssimos: Jesus nos convida a sermos seus fiéis discípulos e discípulas, missionários e missionárias, comunicando o Evangelho em comunidade, caminhando rumo ao céu. Continuemos nos esforçando, de várias maneiras, na oração e na prática da caridade, sempre com o coração intimamente ligado em Deus.
Que cada um de nós, contando ainda com a constante intercessão da Virgem Maria, a Estrela da Nova Evangelização, possa continuar tendo o olhar voltado às coisas do alto, os pés no chão para trabalhar contra as injustiças deste mundo e o coração centrado no Evangelho.

E a todos abençoo.
Dom Vicente Costa
Bispo Diocesano de Jundiaí

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