O 1º mandamento
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por Pe. Daniel Bevilacqua Santos Romano
Vigário na Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrat
Salto/SP

Após concluirmos os sacramentos, hoje iniciamos a série de artigos sobre os dez mandamentos.
O primeiro nos diz: Amarás o Senhor teu Deus, de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento (cf. Mt 22,37). Este preceito, “abrange a fé, a esperança e a caridade. Com efeito, quando se fala de Deus, fala-se de um ser constante, imutável, sempre o mesmo, fiel, perfeitamente justo. Daí decorre que nós devemos necessariamente aceitar suas palavras e ter nele uma fé e uma confiança plenas. Ele é todo-poderoso, clemente, infinitamente inclinado a fazer o bem. Quem poderia deixar de pôr nele todas as suas esperanças? E quem poderia deixar de amá-lo, contemplando os tesouros de bondade e de ternura que Ele derramou sobre nós? Daí esta fórmula que Deus emprega na Sagrada Escritura, quer no começo, quer no fim de seus preceitos: ‘Eu sou o Senhor’.” (CC 2086)
Aqui somos convidados a alimentar e guardar com prudência o que Deus nos revelou para não cairmos na dúvida voluntária (recusa a ter como verdadeiro o que Deus revelou e que a Igreja propõe a crer), na dúvida involuntária (dificuldade de superar as objeções da fé que, se cultivada, a dúvida leva à cegueira do espírito) nem na incredulidade (recusa voluntária de dar o próprio assentimento à fé, o que leva à heresia, apostasia e ao cisma).
Este mandamento ajuda o cristão a ter esperança, a aguardar confiante a benção divina e a visão beatífica de Deus, a ter o temor de ofender o amor de Deus e provocar o castigo. E nos sustenta a não pecarmos contra a esperança com o desespero (quando o homem deixa de esperar de Deus sua salvação pessoal, os meios para obtê-la ou o perdão dos seus pecados. Pois o desespero se opõe à bondade, à fidelidade e à justiça de Deus e suas promessas) e a presunção (quando o homem acha que pode se salvar sem a ajuda de Deus ou que receberá a salvação e o perdão sem a conversão e a glória sem mérito).
Também nos ajuda a responder com amor ao amor de Deus, sem menosprezar ou tratar a iniciativa de Deus, em nos amar, com indiferença ou ingratidão, sem responder a caridade divina correndo risco de viver na tibieza ou na preguiça espiritual – quando se recusa até a alegria que vem de Deus e tem horror ao bem divino.
Assim como estas virtudes teologais dão forma às virtudes morais e as vivificam, a caridade nos leva a dar a Deus aquilo que em toda justiça lhe devemos enquanto criaturas, por isso as virtudes da religião nos dispõe a esta atitude.
A adoração: primeiro ato da virtude da religião. Adorar a Deus é reconhecê-lo como Criador e Salvador, como dono de tudo o que existe e no respeito e na submissão absoluta reconhecer o “nada da criatura” que não existe a não ser por Deus.
A oração: ato de humildade, pois demonstra um espírito despojado a fazer a vontade de Deus. Pela oração se cria uma intimidade com o Pai que nos ajuda a ter discernimento na vida.
O sacrifício: todo sacrifício oferecido a Deus, deve ser uma união com o único e perfeito sacrifício de Jesus na cruz. Se não estiver em conexão com Cristo, este ato sacrificial do fiel corre risco de ser um gesto vazio de sentido e sem efeito, apenas um rito externo por moralismo.
Promessas e votos: por devoção pessoal, o cristão pode também prometer a Deus este ou aquele ato, oração, esmola, peregrinação etc. A fidelidade às promessas feitas a Deus é uma manifestação do respeito devido à majestade divina e do amor para com o Deus fiel. Assim como pelo voto, o homem dá a Deus o que lhe prometeu e consagrou. Em certos casos a Igreja pode, por motivos adequados, dispensar dos votos e das promessas.

Continua na próxima edição…

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