Novo normal?  Não, obrigado.
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por Pe. Salathiel de Souza

Devido a este nosso contexto pandêmico, aqui e acolá temos ouvido a respeito de um tal “novo normal”. Trata-se de um conceito bonitinho, que parece moderninho, mas que a bem da verdade é bem ordinário. Como tudo hoje em dia, é um termo bem trabalhado que esconde uma mentira bem disfarçada. Por isso, é preciso refletir sobre o que ele realmente significa.
O uso do “novo normal” não é novo. Ele vem sendo usado, pelo menos, desde 2005, durante crises como a da gripe aviária e a da crise financeira global de 2008. Inicialmente, o “novo normal” seria uma nova ordem das coisas ou um novo padrão de comportamento iniciados após uma crise qualquer.
Parece natural que, após um evento que impacta a humanidade como um todo, surja algum padrão comum de comportamentos e reações. Um exemplo positivo que podemos tirar desta atual pandemia: as pessoas, no mundo inteiro, estão prestando mais atenção à higiene pessoal, à vida saudável, à alimentação, etc.
O problema, entretanto, é quando alguém (ou alguns grupos de interesse) tentam usar uma crise global para, sutilmente, forçar novos padrões de comportamento que, na verdade, são novos meios de exercer o controle da massa amedrontada, confusa e acéfala.
Com todo respeito, ciente da seriedade com a qual temos que analisar este tema, muito do que fomos forçados a experimentar durante a atual pandemia foram, claramente, técnicas de engenharia social colocadas em prática para averigüar o nível de passividade das pessoas, o limite em que suportam abrir mão de suas liberdades individuais, o quanto se deixam influenciar por falsas informações, etc.
Segundo alguns, o “novo normal” para nós deveria ser: usar máscara; manter distância dos outros; não cumprimentar, abraçar ou beijar; passar álcool em tudo; pedir comida pelo aplicativo; não sair nunca mais de casa; não fazer festas ou reuniões familiares na própria casa, com os próprios familiares e amigos; estudar e trabalhar em casa, pela internet; não usar mais cédulas, apenas dinheiro virtual; assistir futebol sem torcida e shows só via lives.
Analisando brevemente cada um dos itens acima, podemos perceber o quando somos dominados sem nenhum tipo de questionamento, tudo em nome de uma tal “nova normalidade”. Será sempre assim, nesta pandemia que teve data para começar mas que nenhuma autoridade explica quando irá terminar de vez? Depois da segunda onda virá o quê? A terceira, oitava, nonagésima onda? Evoluímos tanto na comunicação e na interação para simplesmente deixarmos tudo ao redor nos tolher a vida e os movimentos?
Faço questão de rejeitar, peremptoriamente, o “novo normal”. Para mim, máscara é coisa de bandido ou de equipe de enfermagem, dentro do hospital. Até quando seremos obrigados? A máscara cobre o sorriso e desumaniza a pessoa. Sem dizer que voltamos a respirar parte do gás carbônico que expelimos a cada segundo.
Como ser humano, na relação com meus semelhantes, quero sim beijos e abraços, apertos de mão e contato. Não podemos nos transformar numa sociedade de pretensos leprosos, não está nem perto disso o que se trata na atual pandemia.
Por uma pretensa segurança em relação à saúde vale a pena abrir mão da nossa humanidade? Vamos dar às autoridades o poder de decidir quando e como podemos sair de casa? Daremos permissão eterna aos governantes para decretar aonde podemos ir ou não? Onde está o direito de ir e vir? Vamos deixar a polícia entrar no espaço sagrado dos nossos lares só porque resolvemos chamar os sobrinhos e cunhados para um churrasco ao som de um sambinha? Para mim, aceitar isso não é nada normal.
Até quando teremos que comprar, junto com a comida e outros itens essenciais, o tal do álcool-gel? Quando é que o vamos tirar da Sagrada Liturgia? Quando é que o padre poderá voltar, enfim, a dar a Eucaristia na boca dos fiéis e sob as duas espécies? Não aceito que o “novo normal” atinja a Igreja de forma tão sutil e covarde.
Fica evidente que o “novo normal” tenta se impor ao mundo inteiro e à vida das nossas comunidades também. Porém, por analogia, a serpente também tentou convencer Adão e Eva de que o “novo normal” era se igualar a Deus. Nossos primeiros pais acreditaram e deu no que deu…
Aos que desejarem aprofundar o assunto, recomendo a obra “Maquiavel Pedagogo – Ou o Ministério da Reforma Psicológica”, de Pascal Bernardin (Vide Editorial). Acredite, leitor(a): você, que se orgulha tanto da sua independência pessoal, tem mais gente mandando na sua vida do que imagina…

Amém.

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