Enviados para anunciar o Evangelho
por Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta
Somos enviados para o anúncio do Evangelho de Jesus Cristo. Esta é nossa marca, nossa identidade. Nós o fazemos pelo nosso modo de viver, pela Palavra, pela comunidade de fé e pela vida de caridade. A cada ano, vivemos um dia especial para incentivar nossa vida missionária na Igreja, no terceiro domingo de outubro. Nosso Papa sempre nos presenteia com uma Mensagem, que neste ano vem nos recordar que, sobretudo neste tempo que vivemos, de pandemia, a missão é necessária para voltar a aquecer o coração, como os discípulos de Emaús. “Neste ano, marcado pelas tribulações e desafios causados pela pandemia do Covid-19, o caminho missionário, para toda a Igreja, continua à luz da palavra que encontramos na narração da vocação do profeta Isaías: “Eis-me aqui, envia-me” – É a resposta sempre nova à pergunta do Senhor: “Quem enviarei?” (Is 6, 8). Esse chamado vem do coração de Deus, da sua misericórdia, que interpela tanto a Igreja quanto a humanidade na atual crise mundial” (Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões 2020).
É tempo de renovar nossa vida missionária, todos nós, toda a Igreja. Bispos, padres, religiosos, os diversos ministérios, os pais, os jovens e as catequistas. A vida cristã precisa do vínculo de pertença, sou católico, sou desta comunidade de fé. Que ótimo que o facebook e as rádios nos unem no tempo da pandemia. Excelente. Porém, é um modo extraordinário de viver a fé, num tempo de provação para todos. A fé cristã é vivida de modo individual e insubstituível, mas, se expressa sempre na comunhão com a Igreja e os irmãos. Sua marca é a vida fraterna.
O próprio tempo da pandemia, nos meses mais rigorosos, foram marcados pela presença cristã de tantos de nós. Nós, os pastores e os padres, rezamos sempre por todos vocês. Pudemos ajudar, até economicamente, a várias pessoas necessitadas. Isto é viver como cristãos. Recordou-nos o Papa, que este tempo nos fez “passar do ego medroso e fechado ao ego encontrado e renovado pelo dom de si” (Franciso, Mensagem). Desejo que tenhamos encontrado o nosso eu, o centro de nossa vida, na simplicidade de uma vida frágil e sempre necessitada de toda humanidade. “Doenças, sofrimentos, medos e o isolamento nos desafiam.
A pobreza daqueles que morrem sozinhos, dos despejados, dos que perdem seu emprego e salário, dos que não têm abrigo e comida nos questionam. Obrigados à distância física e a ficar em casa, somos convidados a redescobrir que precisamos das relações sociais e também do relacionamento comunitário com Deus” (Francisco, Mensagem). Ninguém se basta a si mesmo, mas deve estar aberto aos outros para existir como humano. Mais ainda, descobrimos que precisamos da presença e força permanente de Deus, que caminha conosco sempre.
No anúncio do Evangelho, o Papa nos recorda a centralidade de Cristo, morto e ressuscitado. Ele vive e nos ama sempre. “Por sua vez, Jesus, crucificado e ressuscitado por nós, atrai-nos à sua missão de amor e, com o seu Espírito que anima a Igreja, nos faz seus discípulos e nos envia em missão ao mundo e a todos os povos” (Francisco, Mensagem). A missão que recebemos de Jesus Ressuscitado é um testemunho do que para nós, cada um, é imprescindível.
Não anunciamos teorias, só num segundo momento, mas, em primeiro lugar, o amor de Cristo Crucificado-Ressuscitado.