O sacramento da Ordem na história da Salvação
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Por Pe. Daniel Bevilacqua Santos Romano
Vigário na Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrat
Salto/SP

O povo eleito de Deus foi constituído por Ele como um “reino de sacerdotes e uma nação santa” (Ex 19,6) mas Deus escolhe dentre as 12 tribos que compõe seu povo a tribo de Levi para o serviço litúrgico. Os seus sacerdotes são constituídos para intervir em favor dos homens em suas relações com Deus oferecendo sacrifícios pelos pecados.
A liturgia da Igreja vê no sacerdócio de Aarão, no serviço dos levitas e na instituição dos setenta anciãos a prefiguração dos ministérios ordenados na nova aliança. Assim se reza na oração consacratória:
Para ordenação de bispo: “Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo…por vossa palavra estabelecestes leis na Igreja; e escolhestes desde o princípio um povo santo, descendente de Abraão, dando-lhe chefes e sacerdotes, e jamais deixastes sem ministros o vosso santuário…”
Para ordenação dos padres: “Assisti-nos, Senhor, Pai santo…Já no Antigo Testamento, em sinais prefigurativos, surgiram vários ofícios e por vós instituídos, de modo que, tendo à frente Aarão para guiar e santificar o vosso povo, lhes destes colaboradores de menor ordem e dignidade. Assim, no deserto, comunicastes a setenta homens prudentes o espírito dado a Moisés, que, com o auxílio deles, pôde mais facilmente governar o vosso povo. Do mesmo modo, derramastes copiosamente sobre os filhos de Aarão a plenitude concedida a seu pai, para que o serviço dos sacerdotes segundo a Lei fosse suficiente para os sacrifícios do tabernáculo.”
E na ordenação diaconal: “Ó Deus todo-poderoso…fazeis crescer…a vossa Igreja. Para a edificação do novo templo, constituístes três ordens de ministros para servirem ao vosso nome, como outrora escolhestes os filhos de Levi para o serviço do antigo santuário.”
Vale lembrar que todos os sacerdotes participam do mesmo e único sacerdote de Jesus Cristo – no antigo testamento prefigurado por Melquisedec (Gn14,18). E participando, se manifesta em dois aspectos:
1º – Quando o sacerdote, no serviço eclesial, age “in persona Christi Capitis” (na pessoa de Cristo Cabeça).
É o próprio Cristo presente à sua Igreja enquanto cabeça do corpo conforme diz o papa Pio XII “Na verdade, o ministro faz as vezes do próprio Sacerdote, Cristo Jesus. Se, na verdade, o ministro é assimilado ao Sumo Sacerdote por causa da consagração sacerdotal que recebeu, goza do poder de agir pela força do próprio Cristo que representa.”
Esta presença de Cristo no ministro não deve ser compreendida como se estivesse imune a todas as fraquezas humanas, ao espírito de dominação, aos erros e até aos pecados.
2º – A tarefa do sacerdote é também agir em nome de toda Igreja quando apresenta a Deus a oração dos fiéis sobretudo oferecendo o sacrifício eucarístico.
É por representar Cristo que o sacerdócio ministerial pode representar a Igreja, vivendo toda ação eclesial “por Cristo, com Cristo e em Cristo” sem jamais separar a oração e oferenda da Igreja com a oração e oferenda de Cristo.
Por fim, seguem dois pensamentos do papa emérito Bento XVI sobre o sacramento da ordem:
Serviço:
“Servir ao Senhor – o serviço sacerdotal significa precisamente também aprender a conhecer o Senhor na sua Palavra, e torna-Lo conhecido de todos os que Ele nos confia.” (homilia em 20 de março de 2008),
“In persona Christi”:
“O mistério do sacerdócio da Igreja encontra-se no fato de que nós, pobres seres humanos, em virtude do sacramento, podemos falar com o “eu” de Jesus: in persona Christi. Ele quer exercer seu sacerdócio por nossa mediação.” (discurso em 7 de setembro de 2008).

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