28º Domingo do Tempo Comum (Mt 22,1-14)
Diác. Edson Moura
Com. São Luiz Gonzaga
Ordinariado Militar
O Evangelho deste 28º domingo do tempo comum nos chama a agarrar e aceitar as propostas do Reino de Deus, não permitindo que os desafios do mundo, que são secundários, nos distraia dos desafios do Reino de Deus.
Neste diálogo de Jesus através da Parábola do Banquete, dirigida aos sumos sacerdotes instalados nas suas certezas e seguranças, Jesus os desafia novamente a perceber que estão fechados as propostas do Reino por conta do comodismo, autossuficiência, arrogância e preconceito, e não estão dispostos a aceitar e a abrir o coração e a vida aos dons de Deus.
O banquete proposto por Jesus tinha grande importância na cultura semita, pois era encontro de comunhão e estreitamento de laços entre famílias e pessoas importantes da comunidade, assim sendo seria importante selecionar os convidados, por isso quem organizava o banquete devia ter o cuidado de não convidar pessoas sem qualificação.
Ao compreendermos a importância do banquete no ambiente semita no tempo de Jesus, possivelmente podemos entender que Nosso Senhor usa desta imagem para confrontar os sumos sacerdotes e anciãos e mostrar em linguagem muito conhecida por eles, que Deus convidou todo o Israel para este importante banquete das núpcias de seu Filho, que é o assumir as propostas dos tempos messiânicos reveladas por Jesus Cristo acerca do Reino e os mesmos arrumaram as mais diversas desculpas e não quiseram participar, pois estavam presos aos seus esquemas e não tinham tempo, e mesmo na insistência do Rei para o banquete, desprezaram o convite novamente e até mesmo mataram os servos (profetas), deixando o Rei indignado.
Nosso Senhor tem consciência de que com Ele os tempos messiânicos chegaram, e que este banquete é sinal do amor e da comunhão com Deus, ao qual todos os homens e mulheres são convidados a participar sem exceção, não poucas vezes Jesus aparece nos banquetes comendo com pecadores públicos, prostitutas, cobradores de impostos, e até mesmo é chamado de comilão e beberrão pelos sumos sacerdotes, mas para Jesus sentar-se à mesa com esses “desqualificados” é uma maneira privilegiada de mostrar para todos que Deus ama a todos sem exceção e acolhe a todos e veio chamar a todos, mas essa atitude de Jesus era inconcebível para os líderes de Israel que a reprovavam veementemente, assim mostravam o coração fechado e não aceitavam o messianismo de Jesus por estarem presos e acomodados com cargos e esquemas achando que a salvação já estava conquistada por pertencerem ao povo da primeira aliança que fora anunciado pelos profetas (servos que convidam para banquete) .
Após a recusa dos primeiros convidados , o Rei manda chamar a todos que estão nas encruzilhadas ou seja os “desqualificados”, pecadores para o banquete e ao verificar os convidados percebe alguém sem a “roupa de festa”, e pergunta como o mesmo entrou na festa, isso nos ensina que todos são chamados e aceitos, porém aquele batizado que fica no seu comodismo achando que já conquistou o Reino e não se veste a roupa da festa do amor, da partilha, do serviço da misericórdia e não dá frutos, continuando vestido com as vestes do orgulho, prepotência, da injustiça, do egoísmo não poderá participar da festa e da comunhão com Deus.
Deus sempre estará aberto e convidará todos os seus filhos à comunhão com Ele, isso não há dúvida, a única questão que cabe a cada um de nós é responder se aceitamos a “banquetear” com o Senhor ou não, geralmente aqueles que recusam o convite do Senhor são aqueles que estão presos àquilo que nos escraviza, o sucesso, a fama, o poder e coloca Deus em segundo plano ou muitas vezes até fora do plano ou mesmo como um empecilho. Qual desses somos os que aceitam banquetear e dar frutos constantes de conversão ou estamos presos aos “esquemas” de escravidão e falta de vida?
Ao aceitarmos o convite de Deus, e todos nós que aceitamos, devemos ter a certeza que apesar de nossos limites e pecados, estamos abertos ao convite de Deus e aos desafios do Reino, que exigem de nós um coração disponível e confiante que apesar de nossa pequenez confia na Salvação de Deus.
Estar com traje apropriado para festa é considerar que a salvação não é conquista de uma só vez, que basta ser batizado e “frequenta a Igreja”, mas um sim sempre renovado ao chamado de Deus que nos convida a um compromisso real e sincero de amor, coerente com o nosso Batismo e com a vida e projeto que o próprio Cristo nos ensinou. Sejamos sal da terra e luz do mundo.