As exigências do amor conjugal
Pe. Daniel Bevilacqua Santos Romano
Vigário na Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrat
Salto/SP
Nesta última parte sobre o Sacramento do Matrimônio, veremos o que nos diz a Igreja sobre os três atributos deste vínculo: a Indissolubilidade, a Fidelidade e a Fecundidade.
No rito matrimonial, antes da troca de consentimento, se pergunta aos noivos: “Viestes aqui para unir-vos em Matrimônio. Por isso, eu vos pergunto perante a Igreja: É de livre e espontânea vontade que o fazeis? Abraçando o Matrimônio, ides prometer amor e fidelidade um ao outro. É por toda a vida que o prometeis? Estais dispostos a receber com amor os filhos que Deus vos confiar, educando-os na lei de Cristo e da Igreja?”
De tanto ouvirmos estas perguntas em celebrações matrimoniais, nos acostumamos e perdemos um pouco da responsabilidade que ela carrega. Vale lembrar que esses questionamentos são feitos “perante a Igreja”, ou seja, diante de Cristo. Uma resposta verdadeira ou falsa é a Cristo que se dá, não somente ao padre.
O amor dos esposos exige por sua própria natureza a unidade e a indissolubilidade. Dentro da sua liberdade declarada diante de Deus no dia do matrimônio, os esposos se tornam uma só carne chamados a crescer continuamente nesta comunhão de amor por meio da fidelidade cotidiana a essa promessa.
A união íntima conjugal, a doação recíproca entre duas pessoas e o bem dos filhos exigem a perfeita fidelidade entre os esposos. O motivo mais profundo desta fidelidade conjugal se encontra na fidelidade de Deus à sua aliança e de Cristo para com a Igreja. Pelo sacramento do matrimônio, os esposos se habilitam a representar esta fidelidade e testemunhá-la; por este sacramento a indissolubilidade da união conjugal recebe um novo e profundo sentido.
Outro aspecto intrínseco ao amor conjugal é a geração de filhos.
Deus abençoou o homem e a mulher com a participação em sua obra criadora dizendo: “crescei e multiplicai-vos”. Esta fecundidade é fruto do amor entre os esposos que de tão grande se torna incapaz de permanecer apenas entre os dois, então se estende à geração dos filhos enriquecendo a família com a participação da prole nesta vida de amor.
Vale lembrar que os esposos respondem à Igreja que estão dispostos a receber os filhos que DEUS enviar, não os filhos que eles DECIDEM ter. Infelizmente temos visto tantos casais fechados à vida, num amor egocêntrico que vê os filhos como sinônimo de gasto. Por este “falso” amor esponsal que é todo individualista, os casais partem para a vasectomia e laqueadura. Um pecado contra a vida pois não deixa transparecer o amor de Cristo totalmente serviçal à Igreja.
Os esposos a quem Deus não concedeu ter filhos podem, no entanto, ter uma vida conjugal cheia de sentido, humana e cristãmente. Seu matrimônio pode irradiar uma fecundidade de caridade, acolhimento e sacrifício.
Na próxima semana iniciaremos a reflexão sobre o sacramento da Ordem.