Missão Romana dos Jesuítas em Itu – Padre William O’Callaghan
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Sobre o lugar em que foi construído o Colégio São Luís de Itu, havia uma velha profecia sobre a educação católica. O jesuíta ituano, padre José de Campos Lara, expulso do Brasil em 1759 com outros 668 da mesma Ordem, vivia na Itália quando certo dia recebeu um quadro retratando Nossa Senhora do Bom Conselho. O jovem que o encontrou em um porto próximo de Roma, ordenou que ele levasse a imagem para a sua terra onde Deus seria muito bem servido em um colégio para meninos. Campos Lara retornou a Itu, narrando esse encontro como fato milagroso, porque tudo aconteceu como dissera o jovem: sem recursos, o padre viajou em navio que veio ao Rio de Janeiro. Recebeu, como herança, uma propriedade de terras na qual construiu uma casa para educar meninos pobres e uma igreja para o quadro da Senhora do Bom Conselho. Dizia constantemente que os jesuítas viriam ampliar essa obra em Itu.
A história foi narrada por muitos dos velhos ituanos. Após o falecimento de Campos Lara, em 1820, seu sobrinho padre José Galvão de Barros França ficou depositário da propriedade até que a profecia se cumpriu. Quando os padres Taddei e Onorati chegaram a Itu foram levados a receber a propriedade, mesmo já tendo projeto para o colégio onde se encontra hoje o Asilo de Mendicidade Nossa Senhora Candelária.
O novo prédio foi construído ao lado da igreja e colégio do padre Lara, cuja imagem ilustra esta matéria. Durante a obra, pequena comunidade jesuíta se formou ali, antes mesmo da construção estar pronta.
Esta foi a realidade que encontrou em Itu o irlandês William O’Callaghan, quando chegou em 19 de janeiro de 1871. Nascido a 6 de julho de 1820, com 26 anos entrou para a Companhia de Jesus em Dublin. Fez a sua formação, lecionou gramática, filosofia e matemática. Após ser ordenado padre, continuou atuando como educador, inclusive de canto coral. Esteve um ano na Bélgica para a última fase da formação espiritual.
Entre 1863 e 66 viveu em colégios na Irlanda, sobretudo exercendo atividades administrativas.
Deixou a Companhia de Jesus e sumiu dos registros da Ordem por dois anos. Retomou sua vida entre os jesuítas em 30 de setembro de 1868, desta vez na Província Romana. No ano seguinte já vivia no Recife, como professor de línguas no Colégio São Francisco Xavier. Foi a Pernambuco lecionar, mas também servir como confessor dos poucos católicos ingleses residentes em meio à grande comunidade britânica de comerciantes anglicanos.
Em Itu permaneceu cerca de um ano lecionando inglês e francês. Na verdade trocou de lugar com o padre Lazenby, que foi ao Recife.
Talvez tivesse dificuldades de viver os rigores da Ordem religiosa, a vida espartana, obediência… fato é que no início de março de 1872 tomou um navio no porto do Rio de Janeiro com destino à Europa e desapareceu dos registros da Companhia de Jesus.

Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”

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