26º Domingo do Tempo Comum (Mt 21,28-32)
por Diác. Bartolomeu de Almeida Lopes
Paróquia São Judas Tadeu
“Ao contrário, os cobradores de impostos e as prostitutas creram nele.”
Jesus Cristo foi sempre “sim” em todos seus anos de vida terrena de ensinamento e exortação, sempre pautou com responsabilidade, e o fazia com a autoridade que o Pai tinha dado a “ELE”. Hoje Jesus está em Jerusalém, está próxima a sua hora. Sobrava pouco tempo e Jesus via a dureza de coração dos escribas e fariseus, dos anciãos e líderes do povo. O diálogo se tornou forte, talvez áspero pelo evangelista, que ao escrever não tinha nenhuma simpatia por aqueles ouvintes de Jesus.
Os dois filhos da parábola representam duas classes sociais. A vinha é o que Jesus chamou de “Reino dos Céus”, isto é, um modo de viver na presença de Deus. O dono é Deus. Ele convida ambos os filhos. A classe que se julgava eleita e santa diz “sim”, mas é um sim formal da boca para fora. Não vai trabalhar na vinha.
A outra classe, a dos pecadores, pelo pecado dizem “não”, mas se arrependem dos pecados e vão para a vinha, isto é, aceitam Jesus e seus ensinamentos, se convertem e participam do novo povo de Deus, da nova vinha do Senhor.
Ambos precisam de conversão e da escuta de Jesus e Ele os acolhe. E trabalhando as duas classes pecadoras nos ensina – Ele veio para os bons e maus, pecadores e não pecadores -. Uma parte da comunidade se julgava bons acima de qualquer suspeita, e a outra era conhecidamente pecadora pública. Jesus ensina que não é assim:
Palavras e obras devem se completar; com a parábola do evangelho de hoje, Jesus denuncia diretamente a religião de práticas puramente exteriores, formais, tradicionais, que não trabalha o interior da pessoa e sua responsabilidade, como o “sim, vou” do segundo filho, que ficou apenas na palavra e não a transformou em prática. O farisaísmo sofria desse mal. Aliás, um mal bastante usado nos dias de hoje, por exemplo: O marido diz “Eu não pratico, mas a minha esposa é muito religiosa”, “Eu não frequento mas minha avó é até beata”, “Quando eu estava no colégio, assisti missa para a vida inteira”. A verdadeira religião não se delega a ninguém; ou é pessoal e participativa, ou não existe. A verdadeira religião está enraizada na consciência de cada um, que não só sabe distinguir entre o bem e o mal, mas luta para que o bem supere o mal, para que a verdade prevaleça sobre a mentira, para que o amor (com sua dimensão para Deus e para o próximo) ocupe o lugar do egoísmo e da busca daquilo que satisfaz.
Só Mateus conta está parábola. Mateus deve tê-la guardado muito bem, porque era publicano de profissão e largou tudo para seguir Jesus O Mestre (Mt 9,9). Cristo fora criticado por comer com publicanos e pecadores (Mt 9,11 e 11,19). Acompanhava Jesus ao menos uma mulher, que fora prostituta (Lc 8,2). Ao contar a parábola, Jesus defendia seu comportamento misericordioso (Lc 15, 1-2); defendia os pobres e doentes que o cercavam (para os fariseus, eram pobres e doentes por serem “pecadores”). Jesus condenava a atitude dos fariseus de dizer mas não demonstrar com a vida (Mt 23,3). E a ambos convidava a trabalhar na vinha, mediante a conversão, isto é mediante uma religião responsável em que não houvesse diferença entre o dizer e o fazer, entre a oração feita e a obra executada, entre o pensamento e a ação.
Ter responsabilidade e ser responsável com a Santa Igreja, com o batismo, com a sociedade, nos deveres de CRISTÃOS e deveres cívicos; deveres cristãos comprometidos com os ensinamentos de nosso Senhor JESUS CRISTO.
A referência aos publicanos e prostitutas não significa que Jesus os apresente como modelo de cristãos. O único modelo é Ele. É sintomático que Mateus tenha posto essa parábola depois da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, depois da purificação do templo, praticamente na semana que precedia a paixão.
Porque a verdadeira religião consiste em fazer plenamente a vontade do Pai. E a vontade do Pai passava pela morte de cruz. Jesus se torna, então o verdadeiro modelo de cristão, cumprindo toda a vontade do Pai. Como diz brilhantemente São Paulo: “Humilhou-se e se fez obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2,8), e por isso Paulo tem autoridade para a sua pregação.