por Nilo Pereira

Leituras iniciais do XXV Domingo do Tempo Comum

1ª Leitura (Is 55,6-9)
As palavras contidas nesta leitura são dirigidas pelo profeta aos seus compatriotas exilados na Babilônia. Eles sabem muito bem o motivo pelo qual se encontram numa terra estranha: foram infiéis a Deus e não escutaram a palavra dos profetas.
E agora o que esperam para o seu futuro? Nada: têm certeza que Deus nunca mais poderá perdoar os graves pecados que cometeram. Erraram. O erro deles consiste em imaginar um Deus à imagem e semelhança deles próprios.
Por que muitos homens dos nossos tempos não querem mais ouvir falar de Deus? O verdadeiro motivo talvez seja que muitas pessoas já não se sentem inclinadas a acreditar num deus que em verdade não é nada além de um homem: um homem mais importante, mais inteligente, mas sempre um homem: raciocina como um homem, contrata a salvação, oferece-a, mas cada qual deve ganhá-la, avalia os méritos e os pecados, conserva anotações onde tudo está registrado e recompensa na proporção daquilo que cada um ganhou, exatamente como agem os homens.
Na leitura de hoje o profeta diz aos israelitas exilados na Babilônia e a todos os que continuam pensando como eles: “Convertei-vos, mudai a vossa forma de pensar!” (vers.7) Estes versículos nos preparam para ouvir a mensagem do Evangelho deste dia. Nele será apresentado um Deus que age de uma forma muito diferente, contrária a qualquer lógica dos homens.

2ª Leitura (Flp 1,20c.24-27a)
A comunidade de Filipos fora fundada por Paulo e era composta por pessoas muito boas e generosas. Quando escreve sua carta, Paulo se encontra em Éfeso (atual Turquia), na prisão por causa do Evangelho.
Os filipenses tomaram conhecimento de suas agruras, e embora Éfeso estivesse muito longe, pedem a um homem generoso da comunidade chamado Epafrodito, que vá visitá-lo para levar-lhe algum alimento, alguma roupa e um pouco de dinheiro. Paulo, ao ver seu amigo chegando com todos aqueles presentes, fica comovido pelo apreço e amizade demonstrados pelos cristãos de Philipos. Escreve então a sua carta e lhe entrega para levá-la à sua comunidade.
A Carta aos Filipenses revela as emoções mais íntimas, mais doces, mais ternas do coração de Paulo. Por muitos anos trabalhou pela causa do Evangelho, suportou muitos sofrimentos e muitas contrariedades; agora se sente bastante cansado e começa a pensar sempre com maior freqüência no encontro definitivo com aquele Jesus ao qual dedicou a sua vida inteira. Deseja morrer para estar sempre com Cristo, mas este desejo contraria um outro: gostaria também de continuar trabalhando para a difusão do Evangelho e consolidar as comunidades que fundou.
Então, num gesto de generosidade, se declara disposto a adiar por um pouco de tempo o seu encontro com Cristo para continuar servindo os irmãos. A famosa frase: “Para mim o viver é Cristo, e o morrer um lucro” (vers.21) resume muito bem os sentimentos de Paulo, por isso foi colocada no seu túmulo em Roma.