Missão Romana dos Jesuítas em Itu – Padre Carlo Candiani
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“Padre Carlos Candiani foi incumbido de assistir os enfermos no hospital da Misericórdia, onde o Pe. Bartolomeu Marques, que fora grande missionário franciscano, agora velho e achacado, já não podia mais administrar os sacramentos aos doentes”. Assim anotou o cronista jesuíta pe. Mário Arcioni sobre a tarefa dada ao pe. Candiani em 1872, tão logo chegou a Itu.
A Santa Casa, inaugurada em 1867, mas com capela dedicada a São João de Deus desde 1853, tinha por capelão o franciscano espanhol, Bartolomeu Marques. É o que diz a crônica da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia. A enfermidade do velho frade o obrigou a deixar o atendimento, assumindo assim os jesuítas. O primeiro foi Carlo Candiani, assim descrito, no relatório da Irmandade em 1880 “sem a menor remuneração se presta e desempenha com todo zelo evangélico a sua nobre missão”. O registro foi colhido por Francisco Nardy.
Candiani nasceu em Milão a 19 de abril de 1813. Foi brilhante aluno do Seminário da diocese. Além das atividades religiosas, colaborava com a imprensa católica italiana. Serviu também como secretário do arcebispo de Milão.
Aos 50 anos lhe veio o ardor missionário. A 10 de janeiro de 1864 entrou para a Companhia de Jesus e doou à Ordem a sua invejada biblioteca. Após o noviciado foi trazido ao Brasil (1866) pelo bispo de Olinda, D. Manoel de Medeiros. Inicialmente foi capelão dos presos na Ilha de Fernando de Noronha. Mas quando começaram as aulas no seminário da diocese, tornou-se professor de teologia moral. Lecionou também no colégio jesuíta. Nesse período escreveu obras publicadas em Pernambuco: “Ensaio de tradução de poesias italianas na língua dos brasileiros”, 1868 e uma tradução da “Divina Comédia” de Dante.
Era um homem culto, versado em história e literatura, conhecedor de dezoito línguas. Deixou alguns escritos não publicados, como um dicionário português de 1200 páginas, cuja curiosidade é a descrição semântica dos vocábulos em diálogo com línguas antigas; um dicionário inglês de 600 páginas; um dicionário de grego, além de dois volumes de poesias.
Onde foi parar tudo isso?
Em Pernambuco Candiani pregou retiros ao clero e missões populares até 1869, quando foi deslocado para Florianópolis, mas logo o colégio catarinense fechou. Em 29 de maio de 1870 estava em Itu.
Além de lecionar inglês, alemão e italiano no Colégio São Luís, Candiani foi o primeiro padre residente no prédio em obras: “como três nossos irmãos estivessem trabalhando no futuro colégio, foi mandado morar com eles e celebrar-lhes a missa diária na nossa igreja da Boa Morte, e assim começou ali uma verdadeira comunidade.” (ARCIONI) A igreja da Senhora do Bom Conselho era ocupada pela Irmandade da Boa Morte, da qual Candiani se tornou capelão.
Foram doze anos dedicados ao povo ituano. Faleceu no Colégio São Luís em 8 de dezembro de 1884 após duas semanas acamado. Deixou saudade entre os alunos e os pobres enfermos da Santa Casa.

Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”

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