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por Diác. Bartolomeu de Almeida Lopes
Paróquia São Judas Tadeu

“‘Ide vós também para a minha vinha’.”

Os pensamentos de Deus são insondáveis, assim como os seus caminhos e a maneira de conduzir suas ações e de administrar os seus escolhidos, lembrando que uma destas formas é estendendo a mão, é ir à procura da ovelha perdida. No caso do povo escolhido, os judeus, foram lhes dadas todas as condições para caminhar no ensinamento Dele, e assim esse povo procedeu durante um bom tempo. Depois procurou outros caminhos e direção, e neste desvio aconteceu que foi feito escravo e maltratado.
Nesta liturgia de hoje, eles são acolhidos e esperados pelo Deus da vida, como o filho que volta ao seu lar paterno, e são recebidos carinhosamente, só que seu pensamento se volta para o instinto de vingança pelo que sofreram, e o Pai os ensina carinhosamente o perdão, as atitudes novas para não guardar pensamentos maus, que não edificam e não se sustentam. Jesus diz: ”meus pensamentos e os meus caminhos não são como os vossos, os meus estão acima dos vossos”. A criatura humana nascida do amor gratuito de Deus, deveria ser boa e generosa como Deus. A lição da gratuidade vem acentuada três vezes seguidas em Mateus (19,27; 20,15 e 21,22), apenas separadas pelo anúncio da paixão. A gratuidade é um dos temas mais difíceis de entender e viver na prática. Mas é uma chave para se entender um pouco do mistério da paixão e morte de Jesus.
A lição central da parábola está na bondade do Senhor da vinha que pagou aos últimos tanto quanto aos primeiros, usando não os nossos critérios humanos, mas critérios do amor extremado, de quem ama os últimos como ama os primeiros. São os convidados que os declaram: “tratastes os últimos como a nós” (V-12). Deus não prática injustiça, mas vai além dos critérios humanos do que é justo e injusto. Deus não age apenas pelos critérios do direito, que impõe limites, mas pelos critérios da bondade, que é sem limites.
Os ouvintes de Jesus (e nós hoje) faziam da lei um critério absoluto. Jesus não nega a força da lei e o respeito que devemos a ela. Mas abre um horizonte novo que deveria ser o horizonte do novo testamento: Maior que a justiça legal é a generosidade superabundante do amor gratuito.
A fé: este evangelho era extremamente difícil para os hebreus, incluídos os apóstolos, ela se torna mais ainda difícil para nós (uma pessoa que possui muitos bens materiais como agiria?).
Os hebreus e também outras tribos haviam desenvolvido uma teologia da recompensa – a que Deus daria bênçãos de acordo com as obras – as obras eram usadas para comprar as bênçãos de Deus. (E por obra se entendia a observância das leis). Daí se percebe que se tornava muito difícil entender os pensamentos do criador. Eram estes e outros costumes na época.
Jesus Cristo corrigiu todos esses modos de agir, pois todos ficavam longe do Seu ensino, principalmente com a sua paixão e morte de cruz.
Deus dá porque a criatura merece, não porque a criatura é boa mas porque ele é Deus, e é bom, generoso e quer dar. Como batizados, devemos saber que praticar boas obras, cumprir os mandamentos com fidelidade e ser piedoso faz parte do ensinamento de Jesus. Mas nossas obras materiais e espirituais não obrigam em nada a Deus a restituir algo.
Deus nos diz através do profeta ISAIAS “os meus critérios não são os vossos, e os meus caminhos estão acima dos vossos caminhos” (Is 55.8-9).
Se nossas leis se baseassem nos ensinamentos bíblicos de “Jesus Cristo” naturalmente não haveria injustiças; a criatura humana, quanto mais santa for, mais agradecida se torna e será mais desapegada dos pagamentos e recompensas.
Assim foi São Francisco de Assis: um exemplo. Desapegado, sem nada próprio, sem querer nada de ninguém, e dando tudo que tinha e o que era.
Esta é a grande lição do Evangelho de hoje, Lição de Gratuidade das nossas ações.
Não guardar mágoas pelas ingratidões. Essa é uma das lições mais difíceis de Jesus. Ele nos ensinou não só com palavras, mas também com seu exemplo. O provérbio que Jesus cita no final da parábola (os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos), deveria nos fazer buscar sempre entender o pensamento de Deus: Para Deus não há primeiros nem últimos, mas todos devem se converter e pautar pelos critérios divinos, todos nós devemos nos abrir à GRATUIDADE.

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