Refletindo
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por Nilo Pereira

Leituras iniciais do XXIV Domingo do Tempo Comum

1ª Leitura (Eclo 27,33-28,9)
Todos os homens se sentem vítimas de alguma injustiça e instintivamente têm a tendência para reagir de forma agressiva contra os responsáveis. Daqui nascem a ira, o rancor, a vingança, o ódio. O problema que se apresenta é o seguinte: ao darmos livre vazão a estes sentimentos, repara-se a injustiça ou agrava-se o mal?
No passado o método para compensar as injustiças recebidas e para desencorajar alguém de praticar outras, era muito rápido: praticava-se a vingança com a maior violência possível: pagava-se o mal. . . com vantagens.
Um grande progresso com essa forma brutal de comportamento é a famosa lei “olho por olho, dente por dente, ferida por ferida” que como vimos em Mateus 5,38-42, não quer dizer restituir ao outro o mal que fez, mas sim que a punição seja feita segundo a lei.
No livro do Levítico (cap.19 vers.18) dá-se a seguinte norma: “Tu não te vingarás e não guardarás raiva contra os filhos do teu povo, mas amarás o próximo como a ti mesmo”, e a leitura de hoje se dirige para esta mesma direção.
O autor deste trecho fala: “se alguém conservar rancor no seu coração contra outro homem, como se animará a pedir graças a Deus? A última etapa desta caminhada espiritual será apresentada pelo Evangelho de hoje; todavia, desde agora, revendo a nossa forma de reagir às ofensas, podemos nos perguntar em qual dessas três etapas podemos nos situar? Como se comporta o povo dos nossos vilarejos com quem erra? São ainda praticados os “castigos exemplares” os “acertos de contas”?

2ª Leitura (Rom 14,7-9)
No capítulo 14 da Carta aos Romanos, Paulo trata de um problema que sempre é atual: como resolver as divergências de opiniões entre os membros das comunidades cristãs.
Havia em Roma dois grupos de cristãos: alguns (chamados por Paulo de “fracos”) eram apegados às tradições dos antigos, observavam os dias de jejum, praticavam uma ascese severa, abstinham-se de alguns tipos de carnes; outros, ao contrário, (os “fortes”) eram mais modernos e sentiam-se obrigados a uma única lei: a do amor ao irmão: quanto ao mais agiam como pessoas livres.
Por causa destes contrastes entre “tradicionalistas” e “progressistas”, havia várias tensões na comunidade de Roma. Paulo se dirige antes de tudo aos do “seu” grupo, aos “fortes”. Diz-lhes: não desprezeis os “fracos”. Pede-lhes para não fazerem chacotas das práticas, das pequenas devoções da religião ultrapassada dos tradicionalistas. Mas os “fracos” não devem também cometer prevaricações. Deles o apóstolo exige que não julguem os “fortes”.
Os versículos seguintes (ver.7-9), que são os únicos relatados na leitura de hoje, apresentam um princípio que ajuda a resolver qualquer diferença: tenha sempre presente o cristão que ele não vive para o próprio egoísmo, mas para o Senhor. No seu relacionamento com os irmãos, portanto, não se deixe guiar por considerações humanas. Ele vive e morre somente “para o Senhor”.

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