Jorge Amado, ele
por Bernardo Campos
Cadeira nº 13 – Patrono: Luiz Colaneri
A quem quer que seja, dos eruditos do idioma, que se debruce ou debrucem para exame das obras de Jorge Amado – seja ou sejam dos mais alentados vernaculistas -não lhe abrangem a extensão dos dezesseis livros publicados, na verdade dezenove, eis que três deles (Os ásperos tempos, Agonia da noite e Ilustrações de Renina Katz) se apresentam embutidos num mesmo título de “Os subterrâneos da liberdade”.
Dezenove deles, todos ou que fossem somente onze, até sete diga-se, não dissecam o emaranhado das noites e dias da intrincada Salvador de antanho, que sua pena absorve magistralmente.
Pulse, compulse, um único exemplar da vasta coleção do autor de um linguajar pitoresco, mas sem perda do eclético ou da performance no domínio da língua portuguesa. Esse um aspecto de mil outros, que distingue Jorge no contexto autoral pátrio.
Disse ele do povo pobre, sem amanhã e por isso de dia eternizado. Em quantas citações de Jorge não se evidencia a troca sistematizada dos seus personagens, varada na miséria, mas impregnada de alma peculiar, a dos noctívagos, desenhados em sua fala e expressões típicas.
Jorge, de sucinto a extenso a mais não poder, a serviço da hora, do dia e de seu estado de espírito, de controlado desassossego, como se o contraditório se unificasse e aí sim o fulcro dessa criatividade infinda.
Sua verve transcende crenças, opiniões, preferências e o que mais seja. É a andança e fruição do idioma português comum a vários países, mas na prosa de Jorge, em tom caracterizado, por isso único. Dele. Personalizado.
O mundo o busca para leitura, eis que ora uma, ora várias de suas obras, foram traduzidas nos seguintes idiomas: islandês, francês, sueco, inglês, italiano, albanês, russo, chinês, tcheco, hebreu, persa, alemão, lituano, ucraniano, rumeno, ídiche, húngaro, servo-croata, sloveno, holandês, mongol, búlgaro, grego, slovaco, polonês, árabe, dinamarquês, norueguês, finlandês, além de adaptações para o cinema, teatro, rádio e televisão.
Tão extenso na unificação de sua verve, que escolhe duas datas num mesmo mês, 10 e 16 de agosto, respectivamente, para vir ao mundo e dele se despedir, porém de memória perene e eternizada.