Em família: flexibilização do isolamento precisa de atenção
Com a melhora nos índices que avaliam a pandemia de coronavírus, muitas cidades e regiões estão flexibilizando as regras de isolamento social, permitindo a abertura de mais setores da economia e a retomada gradativa da vida social. Mesmo assim, a Covid-19 – doença causada pelo vírus – ainda não tem uma vacina e nem um tratamento eficaz que possa garantir a cura de todos os infectados. Nesse contexto, ainda precisamos manter os cuidados para evitar a propagação do coronavírus e proteger, especialmente, nossa família.
A pandemia tem dado sinais de enfraquecimento em vários lugares do mundo. Os índices de transmissão, de infectados e de mortos tem caído de forma sustentável em algumas regiões, possibilitando que sejam adotadas medidas de flexibilização do isolamento social imposto até então. Nesta semana, o estado de São Paulo registrou a terceira semana seguida de queda no número de internações e de mortes.
Para o governador João Doria, são bons indicadores, mas ele diz que é preciso ter precaução. “Não há nada para celebrarmos. A celebração só virá após a imunização com a vacina. Até lá temos que ter resiliência, paciência, compreensão e proteção à vida”, disse Doria. A preocupação do governador encontra eco em seu secretário de Saúde. Para Jean Gorinchteyn, “é importante que lembremos que ainda estamos em quarentena. Não voltamos ao normal. Isso só será possível com a vacina. Estamos cansados, mas não podemos desistir. Estamos apenas no meio do caminho”.
Não podemos decretar o fim da pandemia só porque nos cansamos dela
O cardiologista Dante Senra é um dos muitos especialistas que chamam a atenção para a necessidade de mantermos os cuidados. “A pandemia não vai acabar só porque nos cansamos dela”, diz Senra. Ele reconhece que a população está cansada do isolamento social, de não poder sair de casa, não poder trabalhar e fazer outras atividades que implicam em contato social. Mas ele entende que ainda não é o momento de deixar os cuidados de lado.
“A pandemia precisa acabar, mas por diversas causas, como a vacina, como a perda da força do vírus, a quebra da cadeia de contágio.
A epidemia não pode acabar porque a gente simplesmente se cansou dela! E é isso que está acontecendo.” Ele chama a atenção para o fato de que as pessoas estão se descuidando e provocando aglomerações, como as que aconteceram nas praias do Rio e de São Paulo, no último final de semana. “As pessoas dizem: ‘olha, eu não me contaminei até agora, eu não vou me contaminar, eu devo ter algum grau de imunidade, eu não quero mais ouvir essa história, eu quero a minha vida de volta’.”
Esse comportamento revela um cansaço extremo com a situação, mas também uma negação às descobertas que a ciência tem feito sobre a propagação do coronavírus e a doença que ele causa. Mesmo diante da vontade de acabar com a pandemia, o vírus continua se espalhando entre nós e provocando muitas sequelas nas pessoas que se contaminam. Infelizmente, até a morte.
Manter os cuidados ao sairmos de casa, usando máscara e higienizando corretamente mãos e outros objetos, é o que temos ao nosso alcance para nos proteger e proteger nossa família.
Final da pandemia ainda está indefinido
Desde que a pandemia teve início, muitas pessoas – especialistas ou não – têm se arriscado a estabelecer um prazo para o seu final. Muitas dessas previsões já foram atropeladas pelo poder de contágio do coronavírus e pela falta de habilidade de muitos países em lidar com a situação. O fato é que o final da pandemia não significará, necessariamente, o fim dos riscos com a doença provocada pelo vírus.
A pandemia ter por característica o fato de ser uma enfermidade transmissível que atingiu grande parte do mundo. Ou seja, trata-se apenas de uma classificação para apontar aos governantes dos países a necessidade de tomar medidas em conjunto que possibilitem o enfrentamento da doença.
Determinar o fim da pandemia pode significar apenas que houve uma redução no contágio do vírus ou uma diminuição significativa no número de mortos, que faz com que a enfermidade perca a característica mundial. Mas isso não significa que ela possa continuar a ser grave em várias partes do mundo. Nesse caso, a pandemia viraria uma endemia, uma enfermidade localizada.
Mesmo assim, enquanto não houver vacina ou um tratamento eficaz para todos os infectados, os riscos com a doença continuarão presentes. A propagação continuará acontecendo e pessoas continuarão adoecendo. Algumas conseguirão se curar com maior ou menor dificuldade. Outras não conseguirão.
Dessa forma, mesmo com todas as dificuldades, precisamos manter os cuidados para evitar a propagação do vírus. Ainda é a única forma segura de nos protegermos.