22º Domingo do Tempo Comum (Mt 16,21-27)
por Diácono José Marcos Nunes
Paróquia São Judas Tadeu
“Se alguém quer me seguir, renuncie
a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.”
Naquele tempo, Jesus começou a mostrar a seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia.
Então, Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo, dizendo: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso não aconteça!” Jesus, porém, voltou-se para Pedro e disse: “Vai para longe, Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas sim as coisas dos homens!”
Jesus inicia uma nova fase de vida. Até aqui ele foi instruindo os discípulos e o povo, começando pela Galiléia. Agora ele revela o mistério de sua pessoa, o caminho da cruz, da paixão e ressurreição. O Mestre passa a se dedicar mais à formação interna do grupo dos discípulos.
O caminho da cruz é marcado pela urgência de ir a Jerusalém, cidade centro do poder político e religioso. Lá será preso, torturado e condenado à morte, mas ressuscitará depois de três dias (cf. v. 21). Jesus, determinado, está consciente dos riscos que corre por causa da justiça do Reino que anunciou. Na Judéia os anciãos, os chefes dos sacerdotes e dos escribas vão oferecer resistência e opor-se determinadamente a Jesus.
Uma realidade dura demais para a cabeça de Pedro. O discípulo que professara sua fé no Messias, “Filho de Deus vivo”, não consegue entender as conseqüências de sua missão messiânica. Simão, que não compreende o mistério do Filho de Deus, propõe uma alternativa e repreende Jesus: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso não aconteça!”. Ele, a exemplo do povo judeu, está arraigado a um messianismo poderoso e vencedor.
Pedro constitui-se para Jesus em uma pedra de tropeço no caminho. Por isso a reação do Mestre é violenta: “Fique longe mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim, porque não pensa as coisas de Deus, mas as dos homens!” (v. 23).
O discípulo deseja que Jesus seja feito à imagem e semelhança dos critérios humanos. Todavia, o Messias não é como os humanos querem. Pelo contrário, ele convida para ser aquilo que ele é, seguindo-o pelo caminho da cruz.
As condições implicam a renúncia de si mesmo e o carregar a própria cruz. Realidades que identificam o discípulo como Mestre, que encontrou a vida na doação de sua própria vida. O discípulo que perde a vida tem grande vantagem: a entrega total como Jesus. A única forma de realização total será sempre viver para os outros. Esse é o caminho da cruz.