Missão Romana dos Jesuítas em Itu – Padre Felipe Sottovia
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Pe. Sottovia

A 29 de janeiro de 1905 falecia na Universidade Gregoriana, em Roma, o padre Felipe Sottovia. Com 70 anos ainda se dedicava ao atendimento espiritual dos alunos, depois de ter sido prefeito dos estudos e reitor do Colégio Pio Latino Americano. Trabalhava em comunidades romanas da Companhia de Jesus havia quarenta anos, mas certamente ainda guardava lembrança dos episódios políticos que viveu no Brasil nos quatro anos de ação missionária que inclusive lhe renderam prisão e expulsão do país.
Nasceu a 10 de abril de 1834. Alguns dias depois de completar vinte anos (24 de abril de 1854) entrou para o Noviciado jesuíta. Após os estudos dedicou-se ao ensino de humanidades e gramática latina nas casas de formação em Roma e na Toscana.
Destinado às missões, a 01 de fevereiro de 1870 chegou ao Colégio São Luís. A realidade que encontrou em Itu é descrita pelo padre Madureira: “Em 1870, já havia no Colégio 111 alunos, 12 docentes, 10 padres e dois escolásticos; ajudando a administração seis Irmãos leigos.”
Além de professor de humanidades, foi responsável por escrever a chamada “Historia Domus”, narração dos eventos mais importantes do colégio, sobretudo da vida da comunidade religiosa, como festividades e visitas, a chegada e partida de algum membro e fatos extraordinários.
Quatro meses somente esteve no São Luís, ainda instalado no Convento Franciscano. Foi encaminhado ao Colégio de São Francisco Xavier, em Recife, para assumir o reitorado. Chegou à capital pernambucana em 5 de junho. Esta é a parte heroica de sua biografia.
Ao mesmo tempo em que a Igreja buscava estabelecer uma religiosidade mais estável na diocese de Olinda, renovando o clero e organizando a presença de religiosos à moda romana, os livres-pensadores se opunham às iniciativas, tentando implantar uma religião menos doutrinária e sacramental, impondo-se através de irmandades com festas e celebrações distantes do conteúdo orientado pela Igreja do papa Pio IX.
O confronto com palavras, através de sermões do clero e de discursos e conferências públicas dos liberais, evoluiu para artigos em jornais. Acabou em agressões.
O bispo nomeado para Olinda, Dom Frei Vital Gonçalves de Oliveira, era um destemido jovem de 25 anos. Deu força ao colégio dos Jesuítas, francamente contrários aos liberais. Em 14 de maio de 1873 o educandário foi invadido. Além de depredação do espaço, os padres foram espancados e a igreja profanada quando havia pessoas em orações. Um mestre jesuíta, Henrique Yabar (irmão do padre Luís Yabar que viveu tantos anos em Itu), já muito doente, acabou falecendo no dia seguinte, tamanha a fúria do vandalismo.
Fugindo da perseguição, os padres acabaram se refugiando no interior continuaram a pregação. Acabaram presos por decreto do governo provincial (formado por liberais). Ficaram em um navio até conseguirem fugir ou dispersarem-se. Uns vieram para Itu. Sottovia foi para Salvador, embarcando para Roma. No Brasil experimentou a perseguição religiosa que, por fim, fortaleceu os seus ideais de missionário jesuíta.

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