Chamados a manifestar  comunhão também  nas redes sociais
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Lembrando das vocações neste mês de agosto, a Igreja nos propõe refletirmos sobre o chamado – significado maior da vocação – que recebemos de Deus para que vivamos nossa vida como verdadeiros filhos seus e também coloquemos nossos dons à serviço dos nossos irmãos. É por isso que cada domingo deste mês é dedicado a uma vocação: sacerdotal, matrimonial, religiosa consagrada e leiga. Cada uma delas tem importância fundamental para a vida da Igreja. E todas elas pressupõem atendermos ao chamado primordial de ser parte do mesmo corpo, estarmos juntos na caminhada.
É o Papa Francisco que nos lembra das palavras de São Paulo: “somos membros uns dos outros” (Ef 4, 25). Em sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações de 2019, Francisco nos lembra que “a metáfora do corpo e dos membros nos leva a refletir sobre a nossa identidade, que se funda sobre a comunhão e a alteridade”. Como cristãos, todos nós nos reconhecemos como membros do único corpo, cuja cabeça é Cristo.
Somos seres em relação. Precisamos nos relacionar com nossos semelhantes para existirmos como seres humanos. “Criados à imagem e semelhança de Deus, que é comunhão e comunicação-de-Si, trazemos sempre no coração a nostalgia de viver em comunhão, de pertencer a uma comunidade. Como afirma São Basílio, ‘nada é tão específico da nossa natureza como entrar em relação uns com os outros, ter necessidade uns dos outros’”– lembra o Papa Francisco em sua mensagem.
Viver em comunidade faz parte da vida humana, assim como faz parte da vida cristã. A Igreja cristã nasce da vida em comunidade, na vivência cotidiana de Jesus com seus discípulos e na continuidade desse “ser em comum” na vida das primeiras comunidades cristãs.

Papa Francisco nos convida a atribuir às redes sociais seu significado mais belo: espaço de diálogo, conhecimento, relacionamento, compartilhamento.

Francisco nos lembra que “uma comunidade é tanto mais forte quando mais for coesa e solidária, animada por sentimentos de confiança e empenhada em objetivos compartilháveis. Como rede solidária, a comunidade requer a escuta recíproca e o diálogo, baseado no uso responsável da linguagem.” A vida em comunidade pede que sejamos disponíveis aos outros, estejamos integrados e saibamos integrar também.
O mesmo deve acontecer com nossa vivência nas redes sociais. “A rede é uma oportunidade para promover o encontro com os outros”, diz o papa. “As redes sociais servem para nos conectarmos melhor, fazendo-nos encontrar e ajudar uns aos outros”. Por outro lado, muitas relações vividas nas redes sociais estão longe de construírem comunidades verdadeiras. As redes sociais também podem “agravar o nosso autoisolamento, como uma teia de aranha capaz de capturar”, de prender, de paralisar. Essa dinâmica “manifesta uma grave ruptura no tecido relacional da sociedade, uma laceração que não podemos ignorar”.
Nesse contexto, somos chamados a construir e a viver comunidade, “a investir nas relações, a afirmar – também na rede e através da rede – o caráter interpessoal da nossa humanidade”. Como cristãos, “somos chamados a manifestar aquela comunhão que marca a nossa identidade”. É preciso saber escutar, saber quando falar e quando calar, o que “curtir” e o que “não curtir”, o que compartilhar e o que não compartilhar. Escolher as melhores palavras, os melhores momentos. Respeitar o outro, com suas características próprias, suas escolhas, suas opiniões.
A nossa vida cresce em humanidade quando passamos do caráter individual ao caráter pessoal. Como diz o Papa Francisco, “o caminho autêntico de humanização vai do indivíduo que sente o outro como rival para a pessoa que reconhece nele um companheiro de viagem”.

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