Catequese sobre  a Penitência – Parte II
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por Pe. Daniel Bevilacqua Santos Romano
Vigário na Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrat
Salto/SP

De uma catequese de Carmem Hernández sobre o sacramento da penitência aos bispos da África (Roma, 28 de janeiro, 1994) Parte II

A teshuváh hebraica, essa mudança de alma, de espírito, essa transformação molecular de morte para a vida, a ressurreição, isso é Jesus Cristo. Ele não fará somente uma transformação da morte em vida, mas fará ainda mais: fará com o homem uma ascensão e entrará no seio materno de Deus, na eternidade. Ou seja, este sacramento não acaba jamais, está unido ao Batismo. Não se pode entender este sacramento de regeneração sem o Batismo, a água da matriz materna. O filho nasce na água, na água da matriz, do útero. A Igreja é uma mãe que tem um útero que gera filhos de Deus.
E a conversão é mudar sempre para a ressurreição, caminhar para a ressurreição, para a transformação deste homem de morte que levamos dentro, em espírito de vida. É viver em Cristo, em Cristo ressuscitado da morte, que transforma nossas células, que cada dia nos transmitem inveja, incredulidade, apostasia, assassinato. Todos nós somos assassinos. Por isso Deus, ao buscar Caim, o filho de Adão, lhe diz antes de tudo: “Onde está teu irmão?”
Gostaria de dizer muitas outras coisas, mas acima de tudo quero lhes mergulhar um pouco na grandeza enorme da Palavra de Deus, que não conhecemos. Temos que entrar na história do povo de Israel, porque é onde nasceram os Evangelhos, que são como um targum, uma interpretação de toda Palavra histórica de Deus. Deus escolheu lugares geográficos, escolheu fatos históricos, entrou na história deste planeta por meio de uma Palavra.
Digo tudo isso para enfatizar a importância dos sacramentos. Vocês querem transformar suas dioceses, suas paróquias, suas comunidades, suas famílias? Querem transformar o mundo? Levemos adiante este sacramento como regeneração, porque nossa história necessita é de perdão, de perdão! De onde nascem todos os homicídios e as guerras?
Perdoem-me, porque estou me alongando e queria ser breve. No entanto, quero lhes dizer que este sacramento representa a regeneração. Por isso São Jerônimo já via que a palavra rahamim estava mal traduzida por “misericórdia” e acrescentou a palavra “entranhas”, “entranhas de misericórdia”. Então se trata de entrar verdadeiramente nessas entranhas de regeneração, porque é Deus Aquele que pode regenerar, e mostrou isso ressuscitando Jesus Cristo da morte e fazendo-nos entrar na vida divina.
Vocês presbíteros têm uma missão muito importante sobre o pecado e sobre a morte, que é esmagar a cabeça da serpente que hoje, como diz o Apocalipse, se posta diante da mulher.
Para finalizar, eu lhes digo que Jesus Cristo é esse novo Adão, que de fato pisou na cabeça da serpente e fez uma mulher imaculada, sem mancha, que é a que hoje preside na Igreja, neste seio materno. Ele é capaz de pisar nossos pecados, nossa morte, e pode nos regenerar hoje para a vida de Deus, para seu grandíssimo e maravilhoso amor de eternidade. E fazer-nos passar para a vida eterna, que é do que todos nós e todas as nações temos necessidade hoje.
Perdoem-me se me estendi demais, apenas queria fazer presente as entranhas misericordiosas deste sacramento de regeneração, para que não tenham medo de manifestar seus pecados. Em tempos passados, o sacramento havia se reduzido muito, quase somente à confissão dos pecados. Confessar os pecados é um preâmbulo que ajuda a entrar nessa matriz, porque se você não se reconhece um malfeitor não tem necessidade de regeneração: de qualquer forma, já é uma grande ajuda que a Igreja lhe ofereça um ouvido, e ajude você a arrancar com a palavra a sua luxúria, a sua maldade, a sua inveja, o seu orgulho, a sua soberba. Que saia tudo! Que saia! Por isso, antes de entrar na água do Batismo, há um desnudar-se, um despir-se, uma renúncia a Satanás: “Renuncio a ti, Satanás! Renuncio à tua soberba, renuncio à tua vaidade, renuncio a ti! Eu não quero isso, eu quero me revestir da vida de Cristo ressuscitado, de seu amor, e amar a Deus com todo o coração, com toda a alma, com todo o ser e com todas as forças, com toda a potência, com todo o dinheiro: tudo para Deus!”.

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