Refletindo
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por Nilo Pereira

Leituras iniciais da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

1º Leitura (Apo 11,19;12,1-6.10)
A cena descrita na primeira leitura é grandiosa. No céu aparecem dois sinais. O primeiro é “uma mulher revestida de sol, com a lua sob seus pés e sobre a cabeça uma coroa com doze estrelas”. O segundo é “um enorme dragão vermelho” dotado de uma força descomunal (simbolizada pelas sete cabeças, pelos dez chifres e pelos sete diademas).
A mulher está grávida, grita por causa das dores do parto e dá à luz um filho. O dragão se coloca diante dela para devorar a criança recém-nascida. A mulher parece vencida mas Deus intervém: toma o filho e o transporta para o céu enquanto a mulher busca refúgio no deserto.
O menino é evidentemente Cristo “que é destinado a governar as nações”. A mulher então parece ser Maria. Mas não é isso. Quem conhece o Antigo Testamento sabe que “a mulher” representa, antes de tudo, a comunidade de Israel e é a esse povo (composto por doze tribos) que se referem as doze estrelas. O sol indica a glória divina com a qual está coberto esse povo. A lua era o deus adorado pelos povos do Oriente Médio, inimigos de Israel.
O dragão vermelho simboliza o mal, as forças contrárias à salvação, o inimigo de Deus e do seu plano de amor. O dragão, golpeado de morte pela Páscoa de Cristo, está definitivamente vencido, mas se debate e, com a cauda, consegue atirar sobre a terra um terço das estrelas do céu.
A mulher que foge e procura refúgio no deserto é a Igreja, a comunidade dos discípulos fiéis que não se entrega às lisonjas e à força do dragão.

2º Leitura (I Cor 15,20-26)
No Novo Testamento, se fala frequentemente da morte e do morrer e não poderia ser de outra maneira, visto que a vitória de Cristo sobre a morte constitui a verdade fundamental da mensagem cristã.
Nós somos pessoas de fé e, no entanto, temos medo da morte, não queremos nem mesmo ouvir falar dela e nos perguntamos: se Cristo venceu a morte, por que continuamos a morrer?
Diante das forças negativas que nos impedem de viver, nos sentimos impotentes. Invocamos o Senhor, pedimos-lhe que interceda para pôr termo a toda forma de morte. Perguntamos-lhe: por que nos colocaste em um mundo de morte? Por que não nos libertas? O seu inexplicável silêncio nos desconcerta e submete a difícil prova a nossa fé.
Hoje celebramos a festa daquela que jamais foi derrotada pela morte. Como seu filho, Maria não procurou fugir à condição humana, não pediu a Deus descontos, privilégios, milagres. O trecho da primeira carta aos coríntios, que nos é proposto nesta festa, quer nos ajudar a compreender o significado da vitória de Cristo sobre a morte.
Cristo venceu a morte porque, no termo da nossa “gestação”, nos faz nascer, nos introduz no mundo de Deus onde existe somente a vida. Maria cumpriu essa mesma passagem.

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