Missão Romana dos Jesuítas em Itu – Padre Carlos Missir
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Nossa Senhora da Conceição

por Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”

O retorno dos jesuítas à América foi lento e gradual. A Ordem havia sido pioneira na colonização religiosa do Brasil e influenciou fortemente a cultura ibérica desde que se estabeleceu por aqui, em 1549. Manteve colégios e missões por duzentos anos. Em 1759 os jesuítas foram expulsos pelo governo português. Somente em 1842 se deu a sua volta, inicialmente na Argentina, com a Missão Espanhola. Depois, ampliou-se para o Sul do Brasil. Dom Sebastião Laranjeira, bispo do Rio Grande do Sul solicitou a Roma, o envio de professores para dirigir o Seminário Diocesano. Desta forma, em 1860, cinco anos antes de se estabelecer em Itu, chegava a Porto Alegre o primeiro jesuíta da Missão Romana no Brasil, padre Carlos Maria Missir.
Nascido de família grega, em Esmirna (Turquia), a 10 de maio de 1817, Missir entrou para a Companhia de Jesus em 27 de agosto de 1843.
Conhecera a Ordem quando aluno do Colégio Propaganda Fidei (Roma). Lecionou Teologia Moral, História Eclesiástica e Metafísica em algumas casas de formação em Faenza, Ferli, Veletri e Loreto.
Dirigiu o seminário gaúcho na companhia do padre Tuveri por sete anos. Depois foi viver junto aos padres da Missão Germânica, recentemente fundada em São Leopoldo.
Chegou a Itu a 29 de abril de 1869 quando era empossado o segundo reitor do colégio, padre Cocumelli. No colégio São Luís, esteve cerca de um ano. Foi professor de matemática e retórica. Serviu como confessor dos alunos e prefeito espiritual do colégio. Incentivou o culto mariano diante da imagem da Imaculada Conceição do velho convento franciscano (que ilustra essa matéria). Em maio, na igreja do Bom Jesus, acompanhou o padre Taddei iniciar, com alunos, o primeiro Mês de Maria do Brasil.
Em 24 de outubro de 1870 o padre Egano, superior da missão, passou por Itu e decidiu levar o padre Missir para dirigir a residência de Florianópolis. Desde então atuou como missionário do povo junto a comunidades italianas em Itajaí e Brusque. Em 1886 mudou-se para Nova Trento.
As missões rurais eram um dos ideais jesuíticos, pois as famílias camponesas viviam distantes das poucas paróquias na região. Aproximar-se dos imigrantes, atendê-los espiritualmente e na língua de origem foi uma das metas missionárias.
Em Nova Trento Missir conheceu jovens católicos de grandes ideais e que fizeram florescer comunidades atuantes no serviço social, como os Robertinos, depois irmãos coadjutores da Companhia de Jesus e as Irmãzinhas da Imaculada Conceição dirigidas pela menina Amábile Visintainer, que se tornaria a Santa Paulina.
Carlos Missir faleceu a 6 de julho de 1889. O seu passamento, cercado do povo de Nova Trento e de seus irmãos de batina, é um testemunho edificante de santidade.
Nunca afastou totalmente sua memória de Itu. Na véspera da morte teve a visão do falecimento de um colega. Errou o nome, mas acertou o lugar: naquele dia e hora, na igreja do Bom Jesus, falecia o padre Benvenutto Graziosi…

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