Missão Romana dos Jesuítas em Itu – Padre Luiz Persiani
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Maestro Elias Lobo

O método de ensino dos jesuítas para os colégios internos valorizava esportes, artes e línguas com formação em tempo integral à moda clássica dos gregos. O ensino de música era amplo, em linguagem de canto, orquestra e banda.
Para a música, além dos padres-mestres, houve professores auxiliares, pois a Companhia de Jesus não admitia leigos lecionando. No Colégio São Luís serviram alguns músicos de Itu, o primeiro Elias Álvares Lobo (cuja foto ilustra a matéria e de quem celebramos um dia especial a 9 de agosto anualmente). Também atuaram Joaquim Mariano da Costa, José Mariano da Costa Lobo, Tristão Mariano da Costa, Tristão Junior e Humberto Costa; da família Corrêa os irmãos: Antonio Francisco, Rafael e José; Feliciano Leite Pacheco, Augusto César Barros Cruz, Antonio Bueno, Francisco Sampaio, José Maria dos Passos e Maestro Arlindo. Da Itália vieram Dante Reali, José Basile, Virgílio Agazzi, Carlos Settimi, Augusto Matteini, José Tescari, Tobia Perfetti e Maestro Biaggio.
O iniciador da banda colegial foi o jovem jesuíta italiano Luigi Persiani. Nascido em família abastada de Corigliano Calabro (Calábria) a 13 de dezembro de 1838, teve estudos privilegiados de humanidades e artes, sobretudo música, incluindo a composição. Formou-se em Direito e Filosofia. Já atuava como advogado quando se interessou por algo maior em sua vida: trabalhar pelos outros. Entrou para a Companhia de Jesus em 20 de setembro de 1865 na Casa de Provação Romana.
Após o estudo de retórica veio ao Brasil (1869) para lecionar gramática no colégio catarinense. Porém a decadência do educandário de Florianópolis o direcionou a Itu. Chegou ao São Luís em 23 de dezembro de 1869. Por quatro anos ficou responsável pelas aulas de latim, francês e música.
Para o ex-aluno Alexandre Marcondes Filho, a banda era atividade para “realçar as marchas militares, as datas cívicas, as competições esportivas e, em dias consagrados, despertar os alunos docemente, tocando músicas nas alvoradas.”
Pouco se sabe do repertório praticado, possivelmente italiano, pois os mestres orientavam os estudos valorizando o gosto musical de sua terra, paradigma cultural no período. Talvez houvesse inclusive alguma composição do próprio mestre Persiani.
Ao montar outra banda, de funcionários e órfãos atendidos pelo colégio, Persiani se aproximou mais da triste realidade brasileira, marcada pela pobreza, escravidão e ignorância. A 15 de janeiro de 1871, longe de casa, assim descrevia o Brasil para sua mãe: “Esses lugares são como todos os outros lugares do mundo; há pobreza e riqueza, os bons e os maus, e não há nada tão fabuloso o quanto alguns imaginam.”
Retornou à Itália em 10 de dezembro de 1873 levando forte impressão daqui. Continuou estudando Teologia em Laval, onde foi ordenado padre (1876). Por quatro anos lecionou música, além de cuidar da espiritualidade dos jovens em colégios romanos.
Uma doença incurável, porém, o fez retornar à casa da família, na Calábria, onde faleceu a 11 de dezembro de 1880, dois dias antes de completar 42 anos.

Luís Roberto de Francisco
Biblioteca Histórica “Padre Luiz D’Elboux”

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