A Igreja e a cerveja: uma santa união!
À primeira vista, pode parecer um assunto muito polêmico, mas historicamente podemos constatar que a cerveja (como também o vinho), estão ligados de alguma forma à Igreja Católica.
“No antigo testamento, a alegria do vinho é um sinal da bênção de Deus”, diz Dom Henrique Soares da Costa (ex-bispo de Palmares, falecido recentemente de Covid-19), em seu canal do YouTube.
A cerveja teve sua grande ascensão durante a Idade Média, sendo que os mosteiros foram os grandes responsáveis pela sua disseminação, popularização e aperfeiçoadores tanto do processo de produção como também de receitas. Por dominarem a leitura e a escrita, pode-se dizer que os monges foram os primeiros pesquisadores e mestres cervejeiros de que se tem conhecimento.
Boa parte dos mosteiros funcionavam como pousadas e recebiam viajantes e peregrinos, oferecendo hospedagem, alimentação e, claro, cerveja. Nem todas as hospedagens e tabernas ficavam próximas a fontes de água corrente e fresca, e assim a água era retirada de poços, que não raramente estavam contaminados. Por isso, beber cerveja era muito mais seguro e saudável do que beber água. Nesta mesma linha de raciocínio, o então bispo da cidade de Metz, França, e futuramente Santo Arnaldo de Metz, pediu à população que consumissem cerveja ao invés de água pois a mesma estava contaminada, o que explicava peste que assolava a cidade. Por conta disso, a população foi salva. Nos dias de hoje, o santo é considerado o padroeiro dos cervejeiros.
Além dessa questão garantir proteção contra doenças transmitidas pela água, a cerveja servia também como fonte de renda para os monastérios, que vendiam a produção excedente, assim como pães, queijos, vinho, entre outros produtos. Os monastérios pertenciam a diferentes ordens religiosas e estavam localizados principalmente na Inglaterra, Bélgica e Alemanha. Aliás, estas são as três principais escolas cervejeiras do mundo, que deram origem à maioria das cervejas das quais conhecemos hoje. Até hoje, a cerveja feita pelos monges trapistas belgas é considerada por muitos especialistas como a melhor do mundo (ver artigo na página 2).
Assim começou a produção de cerveja nos mosteiros, e desde então a história da cerveja e a história da Igreja Católica andam de mãos dadas. Até hoje muitos monastérios continuam fabricando cerveja para consumo próprio ou até mesmo com venda ao consumidor, sendo seus lucros revertidos para obras do próprio monastério ou obras de caridade.
Mas e o fato de tomar cerveja, não seria um pecado? O próprio Papa emérito Bento XVI, nascido na Alemanha, país no qual é muito tradicional o consumo de cerveja, já foi fotografado diversas vezes com um copo de cerveja em mãos (ver foto abaixo).
“…tomar um vinho ou uma cerveja, nos limites(!) não há problema algum. Não é nem pecado venial…”, diz Dom Henrique.
E continua: “A pastoral da sobriedade cuida daqueles que são alcoolatras que chegaram a tal dependência etílica que perdem a justa medida, mas também tem tantas coisas que não são más, mas que quando exageradas se tornam mal: o consumo, internet, televisão, whatsapp… A pastoral cuida para que não caiam no vício, no excesso…”
Portanto, não há mal algum em apreciar uma cerveja, contanto que seja com moderação. Como bem disse São Bento, tenham discernimento!
Assista ao vídeo em que Dom Henrique tece comentários sobre o consumo de bebidas alcoólicas. Clique aqui.