Para este domingo, 10 de maio, DIA MUNDIAL DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, preparou o Santo Padre Paulo VI uma breve alocução a ser radio-televisionada, focalizando especialmente a influência desses meios de comunicação na juventude atual. De que modo se está formando o homem de amanhã? É a interpelação candente que o Papa dirige a todos que temos alguma responsabilidade na orientação social: “O fenômeno assume cada dia uma ampliação mais vasta: imprensa, rádio, cinema e televisão tendem a substituir, e mesmo a suplantar aquilo que os contatos familiares, escolares e paroquiais, aquilo que o ensino dos mestres e dos educadores, aquilo tudo que os meios tradicionais de cultura permitiam às gerações de ontem transmitir aos seus herdeiros. Hoje são novas fontes de saber e de cultura que brotam, com a sua poderosa capacidade de impregnar os sentidos e as inteligências, e com todo o cortejo de ressonâncias imaginárias e ideológicas que trazem consigo as imagens sonoras e visuais.
“São, sem dúvida, meios maravilhosos de abertura, de contato, de comunicação, de participação. Mas, e quem não o vê, – continua o Pontífice – com a condição precisa de serem meios a serviço de um fim, do único digno deste nome: a serviço do homem, de todos os homens e do homem todo (CFR. Populorom Progressio, 14); e não, ao contrário, como vemos frequentemente: uma indústria que se faz fim de si mesma utilizando os jovens e as crianças como simples clientes, fáceis de se arrastar para os abismos do erotismo e da violência, ou para os caminhos tortuosos da incerteza, da ansiedade e da angústia. Não será exagerada uma conspiração de todas as pessoas de bem no intuito de dar alarma e pôr termo a empresas que merecem ser qualificadas de corruptoras.
“Quem não percebe logo a urgência de empregar os meios de comunicação social e a sua linguagem emotiva, através do som, da imagem, da cor e do movimento, para fazer deles instrumentos modernos de reações humanas, capazes de responder à expectativa da juventude? Riqueza extraordinária, esta profusão de alimentos, contanto que seja são, que o organismo esteja preparado a receber e o possa assimilar sem se intoxicar!… Tarefa imensa, verdadeiramente sublime para todos que manejam esses meios gigantescos ao serviço dos jovens. Todavia de que servirá tudo isso se os pais e os educadores não ajudarem os jovens a escolher, a julgar e assimilar o que lhes é proposto, para assim se formarem como homens e como cristãos autênticos? Do contrário, os jovens se tornarão passivos, como que fascinados por essas poderosas atrações, escravos do desejo e incapazes do autocontrole.” (…)
Termina Paulo VI com sua bênção apostólica, augurando aos pais, educadores, produtores e quantos usam dos meios de comunicação social que tirem proveito de reflexão e bons propósitos deste dia mundial que lhes é consagrado. (…)

Republicação de artigo do periódico A Cruz (RJ), de 10.05.1970 por iniciativa da Biblioteca Histórica (Igreja Bom Jesus).