Refletindo
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por Nilo Pereira

Primeira Leitura (Is 55,1-3)
Estamos na Babilônia, já decorreram mais de cinquenta anos desde a destruição de Jerusalém e desde quando começou o triste período do exílio. Entre os israelitas desanimados, eis que um dia se levanta a voz de um profeta: anuncia a iminente queda do império da Babilônia, a libertação, a volta à pátria e o surgimento de um novo e maravilhoso Reino.
No trecho tirado da leitura de hoje esta salvação futura, este período de plena felicidade é comparado a um banquete no qual haverá abundância de todos os alimentos e de todas as bebidas.
O profeta, porém, observa que a maioria dos exilados não tem fome nem sede. Eles já estão estabelecidos na Babilônia, bem ou mal se adaptaram, não planejam de forma alguma recomeçar uma nova vida na sua pátria de origem. Não têm qualquer intenção de participar do banquete do novo Reino que lhes é prometido.
Somente quem tiver a coragem de partir, diz ele, experimentará a alegria do banquete preparado gratuitamente pelo Senhor.
Não lhe dão ouvidos. A maioria não quis se arriscar a um novo êxodo. E aqueles que voltaram então. . . não encontraram banquete algum, foram mal recebidos, tiveram que enfrentar muitos contratempos e obstáculos de toda espécie. E então? Foram enganados? Não!
O projeto de salvação se concretizaria, sim, com a vinda do Messias. Ele teria preparado para os homens um banquete e teria atendido a todas as expectativas dos homens.
As palavras da leitura (hoje nós entendemos) não se referem somente à fome e à sede materiais. Referem-se à fome e à sede de felicidade, de justiça, de fraternidade, de amor, de paz.
Infelizmente nem sempre o homem procura a resposta para suas necessidades onde realmente as pode encontrar. Muitas vezes – como diz a leitura – ele gasta dinheiro naquilo que não é pão e naquilo que não satisfaz.

Segunda Leitura (Rom 8,28-30)
O que pode conduzir o homem ao abandono da fé? As circunstâncias mais disparatadas: os acontecimentos tristes, mas também a sorte e o sucesso. Quando na vida tudo corre bem, pode-se cair na tentação de dispensar Deus, porque já temos tudo o que desejamos. Mas sobretudo são as contrariedades, os trabalhos penosos, os contratempos, as desventuras que nos levam ao desânimo e que tendem a nos separar do amor de Deus e de Cristo.
Paulo sentiu na própria carne a experiência de todas essas contrariedades (II Cor 11,24-33). Mas não é experiência exclusiva dele: a todos os cristãos cabe enfrentar momentos difíceis na vida. Serão suficientes para justificar o abandono de Cristo?
Esta leitura é de muita atualidade para nós. Por causa das dificuldades da situação social, econômica e política na qual vivem muitos de nós, sempre é iminente a tentação de escolher uma vida contrária aos princípios do Evangelho. Paulo nos ensinou que “nada nos pode separar do amor de Deus e de Cristo” (vers.39).

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