por Luís Roberto de Francisco
Cadeira nº 30
Patrono – Tristão Mariano da Costa

Alguns leitores já foram alvo das caricaturas reproduzidas semanalmente na primeira página desta folha. A homenagem é divertida, respeitosa e valoriza a comunidade através da arte do talentoso artista Raimundo Santos Souza, o Rucke.
Nascido em Coelho Neto, no Maranhão, ele vive e trabalha em Itu há vinte e cinco anos, depois de passar por Manaus e Curitiba. Seu nome artístico veio da observação dos colegas de escola: quando pequeno, retratava o personagem Hulk, das histórias em quadrinhos. Aliás, o universo das HQs despertou no menino o gosto pela arte. Depois veio o desenho de humor.
Em festas e eventos, o nosso Rucke é uma celebridade. Quando contratado para retratar pessoas, diverte realçando seus traços físicos, psicológicos ou a profissão, unindo tudo isso em uma imagem. Na maioria das vezes não é necessário um nome abaixo, a caricatura fala por si mesma.
Em 2013, a convite do Museu da Música, o Quarteto Tristão Júnior foi retratado pelo Rucke. Era uma exposição sobre serestas. Durante o processo de gravação que resultou no primeiro CD do grupo, foram feitas as fotos que serviram de base aos desenhos. Assim homenageamos de maneira respeitosa o talentoso grupo musical. Foi uma surpresa para os componentes, Célia Trettel, Tabajara dos Santos, Gilmar de Campos e Rubens Garcia, acompanhados do seresteiro Braz de Oliveira.
Numa entrevista ao site www.itu.com.br, em 2011, Rucke assim falou sobre seu trabalho: “através deste tipo de desenho de humor posso expressar todo o meu senso crítico e a minha maneira de ver o mundo”. Talvez seja essa a chave da sua comunicação. O cartunista não é só um bom desenhista. Sobretudo tem um olhar diferenciado, alternativo. Lê a realidade por um ângulo superior às convenções. Em uma imagem apresenta um discurso em metalinguagem que faz abrir os olhos ao leitor, sobre determinada realidade.
Com esse talento Rucke já chegou a lugares importantes dentre os autores de desenho de humor. Desde o ano 2000 é destaque nos eventos organizados pelo Brasil, como o salão internacional do Piauí. Em 2016 participou do Aydin Dogan International Cartoon Competition, da Turquia, um dos mais concorridos concursos do mundo. Entre oito mil cartunistas, Rucke ficou em décimo terceiro lugar.
Enquanto tanta gente se ocupa das redes sociais para agredir, sem consideração ou critério, o Rucke trata as pessoas com carinho através de seu talento; valoriza gente ativa, que faz a diferença em nossa cidade. Não é da sua natureza o discurso destrutivo e de discórdia. Muito pelo contrário. Sua obra não serviria ao marketing e muito menos à sordidez da campanha eleitoral. Rucke nos revela o mundo de verdade, aquilo que os cidadãos devem saber para superar a ignorância e a alienação política, social e cultural.
Urge a iniciativa de reunir e publicar seus trabalhos mais expressivos. Quem sabe um empresário sensível presenteie a sociedade com um livro trazendo a obra do nosso Rucke, sem dúvida, um talento entre nós!