Refletindo
Por Nilo Pereira
Primeira Leitura – Sab 12,13.16-19
Entre os livros do Antigo Testamento, o da Sabedoria foi o último a ser escrito. Seu autor, um sábio judeu de Alexandria no Egito, provavelmente ainda vivia quando Jesus nasceu.
Naquele tempo a maioria dos israelitas não morava na própria terra, a Palestina, mas tinha emigrado para o exterior.
Alguns desses israelitas espalhados pelo mundo tinham prosperado bastante, exerciam profissões rendosas, mas a maioria vivia em dificuldades de ordem econômica. Estes se perguntavam: “Por que nós, embora fiéis à lei de Deus, somos permanentemente oprimidos e humilhados, enquanto os pagãos que se comportam como ímpios, prosperam sempre mais e têm sorte na vida? Por que Deus não intervém para pôr um pouco de ordem nas coisas? Por que permite tais injustiças?” Os nossos antepassados nos contaram que antigamente o Senhor fez coisas maravilhosas em prol do seu povo; por que agora não mais intervém? Perdeu talvez a força?
O texto do livro da Sabedoria, que nos é proposto hoje, responde a estas perguntas.
Os homens usam a própria força para incutir medo nos outros, para subjugá-los, para forçá-los à obediência e o respeito. Deus não age assim. Ele, “o Senhor da Força”, não consegue a conversão dos maus enviando-lhes castigos ou golpeando-os com raios e desventuras, como os judeus de Alexandria do Egito desejam (e nós como eles, talvez), mas demonstrando mansidão e indulgência (vers.17-18).
O último versículo apresenta dois motivos pelos quais Deus age desta maneira. Antes de tudo, age assim para ensinar a seu povo que o justo deve amar os homens, todos os homens, não somente os bons; em seguida, para proporcionar aos pecadores a possibilidade de arrependimento (vers.19).
Esta leitura é muito atual também para nós hoje. Procuremos verificar se os cristãos das nossas comunidades não experimentam também sensação semelhante à dos judeus da Alexandria do Egito.
Deus não tem esses pensamentos! Ele não ama somente os bons, ama a todos, também os maus, porque são suas criaturas, e o único desejo que ele tem é que mudem de vida, depressa, para que eles também possam sentir-se felizes.
Segunda Leitura – Rom 8,26-27)
Como é que se deve fazer? Se fosse suficiente repetir fórmulas, seria fácil. Jesus, porém, ensinou que a oração dos seus seguidores não é assim. “Quando orardes, não desperdiceis as palavras como os pagãos, que acreditam poder ser atendidos por força de palavras” (MT 6,7).
Na leitura deste dia Paulo confessa com candura: “nós não sabemos como rezar”, não sabemos o que pedir a Deus; por isso o Espírito vem em nossa ajuda e nos sugere o que temos que dizer ao Pai (vers.26). Esta oração que procede do Espírito sempre é atendida, porque ele sempre está em conformidade com os desejos de Deus (vers.27).
Rezar, portanto, é o mesmo que deixar-se guiar pelo Espírito que nos aproxima sempre mais de Deus e nos abre o coração aos irmãos.