Em família: respeito às diferenças começa desde cedo
Compartilhe

Num mundo em que as diferenças entre as pessoas têm se tornado cada vez mais evidentes – de muitas formas positivas, mas também causando muita tristeza – precisamos estar atentos na forma como estamos educando nossas crianças. A educação para o respeito e a convivência com quem é diferente deve estar na lista de prioridades de pais e educadores. Mas, principalmente, exige de nós, adultos, que sejamos exemplos cotidianos daquilo que defendemos com nossas palavras.
Talvez estejamos vivendo o momento mais rico na história da humanidade com relação à multiplicidade de nuances dos seres humanos. As diferentes caraterísticas culturais, as diversas ideias e posicionamentos políticos, as diferenças das nossas capacidades em função de nossas deficiências, as diferenças religiosas e tantas outras. Não há registro na história humana de outro momento em que tamanha pluralidade tenha se manifestado ao mesmo tempo!
No entanto, aquilo que por um lado mostra a riqueza do ser humano nem sempre é fonte de alegria. Conflitos, guerras e muitas mortes têm sido causados por essas diferenças. Em nosso dia a dia, enfrentamos muitas situações em que a intolerância toma conta dos relacionamentos entre colegas de trabalho, de escola, entre amigos e até familiares.
Nesse contexto, a educação das crianças para conviver com as diferenças ganha grande importância. É verdade que isso está presente em muitas famílias há muito tempo. Muitos de nós aprendemos que o respeito ao próximo é fundamento da vida em sociedade, especialmente para quem segue os ensinamentos de Jesus. Mas os tempos atuais merecem atenção maior ainda de todos os pais e educadores.
De acordo com especialistas, não existe uma idade ideal para falar sobre esse assunto com as crianças. As diferenças fazem parte da vida em sociedade e devem fazer parte da vivência da criança. Respeitar o próximo é respeitá-lo com todas as suas características, mesmo que sejam muito diferentes das nossas.
A educação para o respeito deve acontecer naturalmente, no cotidiano da criança, no convívio que ela tem com outras crianças e também com os adultos. Se a criança convive num ambiente onde as diferenças são respeitadas, ela vai aprender a respeitar naturalmente. Infelizmente, nem todos os contextos – familiares, escolares, com os amigos etc. – são ambientes em que predomine o respeito. E isso é, sem dúvida, de responsabilidade dos maiores.
O exemplo dos adultos é fundamental para que a criança aprenda a respeitar quem é diferente. Como diz o ditado, criança é como esponja, absorve tudo que acontece à sua volta. Ela aprende com a forma como os adultos agem, com as palavras que são ditas e até com o silêncio! E isso acontece em todo lugar: na escola, em casa ou na rua. Se os adultos próximos à criança têm belíssimos discursos sobre respeito ao próximo, mas agem em desacordo com aquilo que falam, a criança vai aprender pelas atitudes e não pelas palavras bonitas. Pior ainda: pode aprender que não há problema em dizer uma coisa e fazer outra!
Os especialistas destacam que, para ensinar as crianças a lidarem com as diferenças, o primeiro passo é ajudar a criança a compreender que todos somos diferentes. Cada um, na sua forma de ser, é diferente do outro. As diferenças entre as pessoas, suas características, seus jeitos, seus costumes, suas qualidades e suas limitações dão maior colorido à vida e tornam a convivência ainda mais rica e interessante.

Dicas para ensinar os filhos a conviver com as diferenças

A revista americana “Parents” indica atitudes importantes que devemos ter com as crianças para formá-las para o respeito e a convivência:
Reconheça as diferenças. A partir dos 4 anos de idade, as crianças começam a perceber as diferenças entre as pessoas e podem começar a fazer perguntas. A melhor resposta é simplesmente explicar que as pessoas têm todas as cores, formas e tamanhos diferentes. Use analogias que uma criança possa entender facilmente.
Seja um modelo positivo. Muitos de nós, adultos, acabamos carregando nossos preconceitos na forma de falar e de agir, muitas vezes de forma não intencional. É importante avaliar nosso próprio comportamento e verificar as mensagens sutis que podemos estar enviando para os pequenos.
Converse sobre intolerância. Os estereótipos – conceitos ou imagens preconcebidos, padronizados e generalizados, estabelecidos pelo senso comum sobre algo ou alguém – estão presentes na vida das crianças desde muito cedo: na televisão, nos desenhos animados, nos filmes, nos jogos etc. Quando encontrar um estereótipo negativo na mídia, converse com as crianças e diga o que você acha que está errado.
Tenha atenção com as generalizações. Quando a criança usar de generalizações, ressalte que não é porque algumas pessoas de uma determinada característica se comportam de uma certa maneira, que é possível supor que todos nesse grupo se comportam da mesma forma. É preciso ajudar as crianças a entender que as generalizações não são verdadeiras – sejam generalizações positivas ou negativas.
Incentive a empatia. As crianças que podem se colocar no lugar de outra pessoa têm menos probabilidade de ter preconceitos com os outros pelas suas diferenças. Converse com seu filho sobre como ele acha que seria se ele fosse julgado ou tratado mal pela cor da sua pele, pelo formato de seus olhos, por ser mais gordinho ou muito magro, pela igreja que frequenta ou pela origem de seus pais.
Promova a convivência com as diferenças. Atualmente as crianças estão crescendo em uma sociedade multicultural e quanto mais cedo se sentirem confortáveis com pessoas de outras etnias, mais preparadas estarão para o futuro. Além de propiciar a convivência com crianças diferentes, leve seus pequenos a exposições de museus, eventos culturais, restaurantes étnicos e leia com eles livros sobre outras culturas.
Promova um forte senso de identidade. Tratar as crianças com respeito e dignidade é a melhor maneira de ajudá-las a desenvolver autoestima. Crianças felizes e bem ajustadas tendem a não ser fanáticas. Esse aspecto é especialmente importante para as crianças que compõem as minorias de um determinado grupo social. Sentir-se valorizada, mesmo sendo diferente, é fundamental!
Não tolere nenhum tipo de preconceito. Assim como fazemos com outras situações da vida que consideramos erradas, não podemos nos calar diante de preconceitos de qualquer tipo. Ficar em silêncio pode enviar para as crianças a mensagem de que não se deve falar no assunto e que o preconceito é aceitável.
Para os especialistas, o ponto central é que precisamos ensinar às crianças que todas as pessoas, apesar das diferenças, merecem respeito. Se você não conversa com elas sobre as atitudes de fanatismo e preconceito que estão acontecendo no mundo e bem perto da gente, está enviando ao seu filho a mensagem de que não há problema em se sentir superior a certos grupos. Para criar adultos tolerantes, precisamos ajudar as crianças a valorizar todas as pessoas como seres humanos – e filhos de Deus!

Deixe comentário