Quinhentas palavras
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No dia 19 de abril p.p., completou-se o primeiro ano em que estou na companhia dos leitores d’A Federação. Lembro-me que ao término da Procissão dos Passos, no adro do Carmo, o jornalista Tadeu Italiani e eu nos cumprimentamos e sem rodeios, me convidou para escrever no jornal. De imediato: um susto! Claro, tentei escapulir com as muitas desculpas…!
Aceitei! A recomendação foi de no máximo quinhentas (500) palavras de texto! Capaz! O susto foi ainda pior! Como vou fazer…? Sou prolixo… detalhista… (coisa de faculdade?). Fiquei matutando: deverão ser quinhentas palavras de texto. Excluir o cabeçalho… e a despedida… Bom…! E o que vou escrever de início! Recorri ao meu «baú», o arquivo do computador, talvez, tenha algo interessante no «fundo». Assim, se desencadeou o maior aprendizado de minha vida e que o jornal me confiou: fazer grandes sínteses (que não são ingênuos resumos).
Parece simples, não?! Ser doutor… é um orgulho que vale a pena??? É uma condição que, na maioria dos casos, pode distanciar as pessoas de você. Também a soberba pode tomar conta do coração e da mente de quem escreve. E é nessa hora a «prova dos nove»! Tirar com talhadeira o reboque dos títulos e conseguir, pela linguagem, fazer o leitor «olhar mais longe» (é um ditado grego).
Outra tarefa, que aqui melhorei, foi as qualidades das palavras e da linguagem usadas. Não servem os rebuscados da teologia, do direito, da filosofia se não faço o meu caro leitor «olhar mais longe». Tarefa igualmente complexa é justamente o contrário: não esvaziar o texto na simplificação, descaracterizando aquilo que se pretende apresentar num artigo. Condensar expressões; verbos sinônimos; dosar o uso de interjeições, advérbios, conjunções. Atenção às frases longas sem pé nem cabeça. As frases curtas demais! As frases sem verbo! As concordâncias! A pontuação! A escolha do tema é crucial: vão gostar?! Vou conseguir tocar coração e mente do leitor? Como vou tratar a linguagem: de modo coloquial (como este texto) ou acadêmico (como outros artigos de história e de direito)?! Por fim, se acaba por lapidar o próprio estilo.
Como muitos sabem, não sou formado em Jornalismo e nem Letras, porém, reitero que está sendo, para mim, um grande laboratório escrever nesta coluna. O texto é sempre um tecido que, a mente humana prepara fio a fio, e se materializa no tear da escrita. A difícil arte da escrita não é inata, mas algo adquirido com o tempo e a dedicação, a paciência e o treinamento. Com toques de cinzel é que, de dentro do mármore, sai a feição perfeita da escultura (Michelangelo). Não é e não pode ser diferente com relação à escrita. O desenvolvimento da arte de escrever é uma técnica tão desenvolta com ânimo quanto aquela que prepara a mão do artista para cinzelar a pedra rústica; a diferença está no que separa a pedra do papel (Bittar).
Muito obrigado ao «Jornal A Federação» pela confiança e oportunidade!
E, assim, concluo este artigo com o exato número de palavras: quinhentas.

Até a próxima!

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