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Por Nilo Pereira

Primeira Leitura (At 12,1-11)
Cadeias caem das mãos, uma porta de ferro que se escancara, um anjo que desce do céu e intervém em favor do seu discípulo. Por que um tempo Deus cumpria essas maravilhas e, ao invés, hoje nos deixa sozinhos contra a força do mal?
Não é difícil acreditar na providência quando Deus mostra tanta solicitude nos confrontos dos seus servos fieis. Mas por que não se comporta desse jeito também hoje? Por que, enquanto os justos sofrem injúrias e vexames, Ele, no céu parece assistir impassível? São as perguntas que fazemos na festa destes dois santos mártires.
Companheiro de baderna de Calígula, Herodes Agripa obteve do amigo o reino que pertencera a seu avô, Herodes, o Grande. É um usurpador e deve, de qualquer maneira, tornar-se simpático ao povo judaico. Manda matar Tiago, filho de Zebedeu, e prende Pedro que, nesse momento é sabido por todos, tornou-se impuro entrando na casa de Cornélio.
Pedro dorme. O seu sono, mais que expressão de paz e de serenidade interior, é sinal de entrega total diante do extraordinário poder do mal.
Solidária com ele, a comunidade está reunida e eleva a Deus sua súplica “incessante e intensa”.
Quem é este ser misterioso que se apresenta a Pedro resplandecente de luz: um espírito que assumiu semelhança humana?
Na sagrada escritura fala-se frequentemente do “Anjo do Senhor” e -isto pode maravilhar quem não está acostumado à linguagem bíblica- ele não aparece como um ser distinto de Deus, mas se identifica com Deus.
As visões, as vozes do céu, a intervenção de personagens sobrenaturais fequentemente não são algo mais que uma linguagem humana que tem o objetivo de pôr em realce um fato real e concreto, mas inefável: a providência, a assistência do Senhor, a luz interior que Ele concede a seus fiéis.
A leitura convida quem está sofrendo por amor a Cristo a lembrar-se de que, mesmo que todos estejam contra ele, de seu lado estará sempre “o Anjo do Senhor”.

Segunda Leitura (2Tm 4,6-8.17-18)
Poucos meses antes de morrer, Paulo, preso em um cárcere de Roma, escreve ao amigo Timóteo, seu companheiro de trabalho na obra de evangelização e na formação das primeiras comunidades cristãs. Sente que está próximo o dia em que deverá deixar este mundo. Como é natural nesses momentos, ele faz um balanço de toda sua vida. Comportou-se – diz – como quem participa de competições esportivas no estádio.
Agora está velho e cansado pelo trabalho e pelas lutas que teve de enfrentar. Confia-se ao Senhor, justo juiz. Aqueles que no estádio vencem uma competição recebem uma medalha (naqueles tempos antigos recebiam uma coroa de louros). Paulo está certo de que Deus lhe dará também uma coroa no dia em que for acolhido nas moradas eternas. Essa coroa – continua – Deus a oferecerá também “a todos aqueles que aguardam com amor a Sua aparição (vers.8), ou seja, a todos os que, como ele, terão lutado pela justiça.

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